São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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Benedita nega acordo com traficantes

PEDRO SOARES
MARIO HUGO MONKEN


DA SUCURSAL DO RIO

A governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT), e o comandante-geral da PM (Polícia Militar), coronel Francisco Braz, negaram ontem a existência de um acordo entre o governo e os traficantes do complexo do Alemão (zona norte) para impedir manifestações como a que ocorreu segunda-feira.
Na ocasião, nove ônibus foram destruídos no complexo em protesto contra a morte de Marcelo Apolinário, 11.
Os moradores acusam policiais militares de terem matado o menino, apesar de a perícia preliminar da Polícia Civil ter descartado essa hipótese.
Rumores sobre o suposto acordo surgiram porque a PM não ocupou o complexo de favelas após os distúrbios de segunda, como é costumeiro em casos parecidos e era esperado.
Pouco depois da morte do menino, o comandante-geral da PM foi recebido a tiros pelos traficantes quando chegou ao morro do Alemão. No momento dos tiros, ele estava acompanhado de jornalistas, assessores e policiais
"Não negociaremos com nenhum crime organizado, até porque estamos tentando combatê-lo", disse Benedita.
O presidente da Associação de Moradores do Complexo do Alemão, Jorge João da Silva, negou que tivesse firmado um acordo com a polícia para que a favela não fosse ocupada.
"A polícia teve bom senso e saiu da favela porque sabia que o clima não era dos melhores. Não houve acordo nenhum", afirmou ele.

Associações de moradores
Apesar de negar o acordo com traficantes, a governadora afirmou que existem negociações com as associações de moradores de favelas na tentativa de diminuir a violência nas comunidades.
O comandante da PM confirmou ter pedido a dirigentes de algumas associações de favelas que conversem com os moradores para que não pratiquem protestos violentos como o de segunda.
As associações de moradores têm sido objeto de investigação da polícia, que suspeita do envolvimento das entidades com traficantes das regiões.
No ano passado, a Secretaria da Segurança Pública, por ordem do então governador, Anthony Garotinho (PSB), abriu 50 inquéritos para apurar a suposta relação entre as associações e o tráfico.
O líder comunitário da favela do Jacarezinho (zona norte), Antônio Carlos Gabriel, o Rumba, foi preso em abril após investigações da Draco (Divisão de Repressão ao Crime Organizado) indicarem que ele fornecia informações a traficantes toda vez que a polícia chegava à favela.



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