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Benedita nega acordo com traficantes
PEDRO SOARES
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT), e o comandante-geral da PM (Polícia
Militar), coronel Francisco Braz,
negaram ontem a existência de
um acordo entre o governo e os
traficantes do complexo do Alemão (zona norte) para impedir
manifestações como a que ocorreu segunda-feira.
Na ocasião, nove ônibus foram
destruídos no complexo em protesto contra a morte de Marcelo
Apolinário, 11.
Os moradores acusam policiais
militares de terem matado o menino, apesar de a perícia preliminar da Polícia Civil ter descartado
essa hipótese.
Rumores sobre o suposto acordo surgiram porque a PM não
ocupou o complexo de favelas
após os distúrbios de segunda, como é costumeiro em casos parecidos e era esperado.
Pouco depois da morte do menino, o comandante-geral da PM
foi recebido a tiros pelos traficantes quando chegou ao morro do
Alemão. No momento dos tiros,
ele estava acompanhado de jornalistas, assessores e policiais
"Não negociaremos com nenhum crime organizado, até porque estamos tentando combatê-lo", disse Benedita.
O presidente da Associação de
Moradores do Complexo do Alemão, Jorge João da Silva, negou
que tivesse firmado um acordo
com a polícia para que a favela
não fosse ocupada.
"A polícia teve bom senso e saiu
da favela porque sabia que o clima
não era dos melhores. Não houve
acordo nenhum", afirmou ele.
Associações de moradores
Apesar de negar o acordo com
traficantes, a governadora afirmou que existem negociações
com as associações de moradores
de favelas na tentativa de diminuir a violência nas comunidades.
O comandante da PM confirmou ter pedido a dirigentes de algumas associações de favelas que
conversem com os moradores para que não pratiquem protestos
violentos como o de segunda.
As associações de moradores
têm sido objeto de investigação da
polícia, que suspeita do envolvimento das entidades com traficantes das regiões.
No ano passado, a Secretaria da
Segurança Pública, por ordem do
então governador, Anthony Garotinho (PSB), abriu 50 inquéritos
para apurar a suposta relação entre as associações e o tráfico.
O líder comunitário da favela do
Jacarezinho (zona norte), Antônio Carlos Gabriel, o Rumba, foi
preso em abril após investigações
da Draco (Divisão de Repressão
ao Crime Organizado) indicarem
que ele fornecia informações a
traficantes toda vez que a polícia
chegava à favela.
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