São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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ATUALIDADES

Após golpe, Hugo Chávez reassume poder na Venezuela

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Maior produtor de petróleo da América, a Venezuela vai lentamente retornando à estabilidade democrática. Em três dias, o único país latino-americano membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) passou por um golpe militar que derrubou o presidente Hugo Chávez e viu ascender ao poder o líder empresarial Pedro Carmona, que dissolveu o Congresso e prometeu convocar eleições. Pressionado pelos militares, renunciou, e Chávez reassumiu.
Depois de tentar chegar à Presidência por meio de um golpe militar em 92, Chávez, reverenciado como o "pai dos pobres", assumiu o poder, eleito com 56,2% dos votos em fevereiro de 1999. Sua "Revolução Bolivariana", menção a Simon Bolivar, o herói da independência, prometia erradicar a criminalidade e a corrupção, assim como a pobreza que atinge mais de 70% da população.
Com um discurso populista, o presidente propôs um referendo para elaborar uma nova Constituição. A nova Carta outorgou-lhe poderes especiais, como sancionar leis independentemente do Congresso. Chávez convocou eleições e se reelegeu com mais de 55% dos votos, estendendo seu mandato até 2007. Aprovou um pacote que lhe permitiu expropriar terras e elevar taxas para a exploração do petróleo. Sua intervenção na estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), com o afastamento de seus diretores, aprofundou a crise que resultou no golpe.
Simpáticos à derrubada de Chávez, os EUA viram o golpe com otimismo. Terceiro maior fornecedor de petróleo para o mercado americano, a Venezuela de Chávez incomoda a Casa Branca. A aproximação com o líder cubano Fidel Castro e a visita aos líderes Muammar Gaddafi (Líbia) e Saddam Hussein (Iraque) foram vistas como provocação. Suspeita-se da participação de Washington no golpe, ainda que os EUA estejam muito ocupados na luta contra o terror. Sorte da Venezuela.


Roberto Candelori é coordenador da Cia de Ética e professor da Escola Móbile e do Objetivo (Americana)


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