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Respiração boca-a-boca não é mais essencial em infarto
Novas pesquisas demonstraram que só fazer a massagem cardíaca já é eficaz
Pessoas deixam de prestar primeiros socorros por nojo ou medo, segundo estudo; conduta foi debatida em congresso em São Paulo
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A tradicional respiração boca-a-boca feita durante os primeiros socorros de uma parada
cardíaca está com os dias contados. Novos estudos demonstraram que as compressões ritmadas no tórax são tão eficazes
quanto a respiração boca-a-boca -que era intercalada com a
massagem cardíaca.
As conclusões foram publicadas no mês passado em dois dos
mais renomados periódicos de
cardiologia ("Circulation" e
"Resuscitation"). A recomendação é que, a partir de agora,
só se faça as compressões torácicas ritmadas, de forma ininterrupta, por até oito minutos.
As novas orientações foram
repassadas ontem aos cardiologistas brasileiros durante o
congresso da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de
São Paulo) pelo médico Sérgio
Timerman, diretor-científico
do comitê de emergência da
Fundação Interamericana do
Coração. O congresso acontece
em São Paulo até amanhã.
Segundo Timerman, as pesquisas que embasaram a mudança de conduta verificaram
que há falta de preparo das pessoas para fazer a massagem torácica e que 83% dos americanos não faziam respiração boca-a-boca por medo ou nojo.
"Os estudos concluíram que
a respiração boca-a-boca não
só constitui um fator preponderante para justificar a inércia
das pessoas que abordam a vítima para prestar socorro imediato, como também não garante benefício durante as manobras de reanimação", afirma
o médico, que dirige o departamento de treinamento e pesquisa em emergências do InCor (Instituto do Coração).
Essas conclusões vão passar
a integrar as novas diretrizes da
Sociedade Brasileira de Cardiologia, segundo Timerman. "A
idéia é disseminar isso para as
sociedades médicas e a população em geral."
Para ele, no Brasil, ainda é
precário o treinamento das
pessoas para as emergências
cardíacas e isso pode ser crucial
no momento de salvar ou não
uma vida. Um outro estudo
norte-americano demonstrou
que o treinamento da população aumentou o número de ressuscitações de 2% para 20%.
Seis em cada dez pessoas que
morrem do coração são vítimas
de infarto. Muitas mortes poderiam ser evitadas se o atendimento da vítima fosse feito nos
dez minutos após o ataque.
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