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HABITAÇÃO
Anúncio de novas ações no centro da cidade foi feito em reunião com vereadores e representantes da prefeitura
Sem-teto ameaçam retomar invasões
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os grupos de movimentos de
sem-teto do centro de São Paulo
ameaçaram ontem retomar as invasões na região. Atualmente, os
grupos mantêm 13 prédios ocupados. A última invasão foi feita
no início de novembro, em um
edifício da avenida Duque de Caxias. Caso voltem a ocorrer, serão
as primeiras após a posse da prefeita Marta Suplicy (PT).
A ameaça foi feita durante a sessão de abertura da Comissão de
Estudos sobre Habitação na Área
Central, presidida pelo vereador
Nabil Bonduki (PT), na Câmara
Municipal. Representantes dos
sem-teto e da prefeitura, como a
administradora da Sé, Clara Ant,
e o secretário da Habitação, Paulo
Teixeira, participaram do evento.
"Independentemente de Marta
Suplicy estar no governo, vamos
retomar as ocupações, e muito
mais rapidamente do que esperam", afirmou Luiz Gonzaga da
Silva, o Gegê, do Movimento de
Moradia no Centro, durante o seu
discurso no evento.
No auditório da Câmara Municipal, líderes de sem-teto mostravam inquietação. As críticas eram
direcionadas ao governo do Estado. Mas veladamente as objeções
incluíam a prefeitura.
"Até o momento, a prefeitura
está colaborando", disse Gegê.
"Mas, parceria com o PAR [Programa de Arrendamento Residencial", não precisamos. Podemos dialogar diretamente com a
Caixa Econômica Federal. Precisamos é de política habitacional."
Recentemente, a secretaria da
Habitação assinou parceria com a
Caixa com o objetivo de incrementar o PAR na cidade.
A revolta dos sem-teto se deve
também por causa do despejo
anunciado no prédio invadido na
rua da Abolição, na Bela Vista.
Neste mês, vence o prazo para as
cerca de 60 famílias desocuparem
pacificamente o imóvel, que pertence ao Estado. Caso contrário,
haverá ação policial.
Segundo Evaniza Rodrigues,
coordenadora do UMM (União
dos Movimentos de Moradia), a
maioria dos moradores do prédio
está à espera da reforma de outro
imóvel, na avenida Maria Antônia, que irá demorar cerca de oito
meses para ser concluída.
Uma líder de sem-teto afirmou,
sem se identificar, que a situação
dos prédios invadidos é precária.
Com uma sucessão de despejos
em cortiços nos últimos meses,
entre os quais o do casarão da
avenida Santos Dumont, os imóveis tiveram de abrigar as famílias
que não tiveram para onde ir. O
edifício invadido na avenida 9 de
Julho, que abrigava cerca de 60 famílias, estaria hoje com cem.
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