São Paulo, sábado, 02 de junho de 2001

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HABITAÇÃO

Anúncio de novas ações no centro da cidade foi feito em reunião com vereadores e representantes da prefeitura

Sem-teto ameaçam retomar invasões

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os grupos de movimentos de sem-teto do centro de São Paulo ameaçaram ontem retomar as invasões na região. Atualmente, os grupos mantêm 13 prédios ocupados. A última invasão foi feita no início de novembro, em um edifício da avenida Duque de Caxias. Caso voltem a ocorrer, serão as primeiras após a posse da prefeita Marta Suplicy (PT).
A ameaça foi feita durante a sessão de abertura da Comissão de Estudos sobre Habitação na Área Central, presidida pelo vereador Nabil Bonduki (PT), na Câmara Municipal. Representantes dos sem-teto e da prefeitura, como a administradora da Sé, Clara Ant, e o secretário da Habitação, Paulo Teixeira, participaram do evento.
"Independentemente de Marta Suplicy estar no governo, vamos retomar as ocupações, e muito mais rapidamente do que esperam", afirmou Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, do Movimento de Moradia no Centro, durante o seu discurso no evento.
No auditório da Câmara Municipal, líderes de sem-teto mostravam inquietação. As críticas eram direcionadas ao governo do Estado. Mas veladamente as objeções incluíam a prefeitura.
"Até o momento, a prefeitura está colaborando", disse Gegê. "Mas, parceria com o PAR [Programa de Arrendamento Residencial", não precisamos. Podemos dialogar diretamente com a Caixa Econômica Federal. Precisamos é de política habitacional."
Recentemente, a secretaria da Habitação assinou parceria com a Caixa com o objetivo de incrementar o PAR na cidade.
A revolta dos sem-teto se deve também por causa do despejo anunciado no prédio invadido na rua da Abolição, na Bela Vista. Neste mês, vence o prazo para as cerca de 60 famílias desocuparem pacificamente o imóvel, que pertence ao Estado. Caso contrário, haverá ação policial.
Segundo Evaniza Rodrigues, coordenadora do UMM (União dos Movimentos de Moradia), a maioria dos moradores do prédio está à espera da reforma de outro imóvel, na avenida Maria Antônia, que irá demorar cerca de oito meses para ser concluída.
Uma líder de sem-teto afirmou, sem se identificar, que a situação dos prédios invadidos é precária. Com uma sucessão de despejos em cortiços nos últimos meses, entre os quais o do casarão da avenida Santos Dumont, os imóveis tiveram de abrigar as famílias que não tiveram para onde ir. O edifício invadido na avenida 9 de Julho, que abrigava cerca de 60 famílias, estaria hoje com cem.



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