São Paulo, sábado, 02 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Polícia de Cabral privilegia ação de confronto

Governo completa 152 dias optando por operações de enfrentamento, mas obtém mais sucesso ao atuar respaldado por investigações

Em operações isoladas, polícia do Rio prende e apreende mais do que em 30 dias de cerco sem foco em favelas da zona norte

DA SUCURSAL DO RIO

Após 152 dias da posse do governo de Sérgio Cabral Filho (PMDB), a política de segurança do Rio de Janeiro se deparou, num conjunto de favelas da zona norte, com o dilema entre a freqüência de confrontos sem inteligência e espasmos de atuação inteligente.
Um mês de megaoperação com mais de mil policiais no Complexo do Alemão resultou em 55 feridos, 17 mortos, dez suspeitos presos, 13 armas e 240 quilos de drogas apreendidos. Ontem, em uma operação calcada nos serviços de inteligência, a polícia do Rio foi mais profícua em poucas horas do que tem sido em mais de 30 dias de cerco nas favelas do complexo.
Sem estardalhaço, sete acusados de tráfico foram presos na Ilha do Governador, zona norte, sendo cinco ex-pára-quedistas do Exército. Um deles Marcelo Soares de Medeiros, o Marcelo PQD, é apontado pela polícia como chefe de facção do tráfico e responsável por repassar táticas de guerrilha no treinamento de "soldados" do tráfico no Alemão.
O secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, disse que, mesmo nos serviços de inteligência, há necessidade de "dar tiros": "A inteligência que se produz na Vila Cruzeiro é a mesma do que as das operações da Polícia Federal, só que o meu problema está na execução. Eu não posso pinçar um barraco ou dois para fora da Vila Cruzeiro".
Estatísticas mostram que os confrontos têm sido mais comuns do que o uso dos serviços de inteligência. Em 2007, a polícia fluminense matou 40% mais, prendeu 23% menos em comparação com os três primeiros meses do ano passado, apreendeu 9% menos drogas e 8% menos armas. Cresceram os casos de bala perdida.
No Complexo do Alemão e nas favelas da Penha vivem mais de 150 mil pessoas. Estima-se que menos de 1% tenha envolvimento com o tráfico. Com a operação policial, os lojistas calculam perdas de R$ 5 milhões, os imóveis se desvalorizaram em 30%, o lixo não vem sendo recolhido, o abastecimento de água está precário, telefones fixos não funcionam e a luz chegou a ser cortada.
(LUIZ FERNANDO VIANNA, MÁRCIA BRASIL, RAPHAEL GOMIDE e SERGIO TORRES)


Texto Anterior: Mãe afirma que foi fácil contar para os filhos
Próximo Texto: Ação tem mais efeito colateral que resultado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.