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Polícia de Cabral privilegia ação de confronto
Governo completa 152 dias optando por operações de enfrentamento, mas obtém mais sucesso ao atuar respaldado por investigações
Em operações isoladas, polícia do Rio prende e apreende mais do que em 30 dias de cerco sem foco em favelas da zona norte
DA SUCURSAL DO RIO
Após 152 dias da posse do governo de Sérgio Cabral Filho
(PMDB), a política de segurança do Rio de Janeiro se deparou, num conjunto de favelas
da zona norte, com o dilema entre a freqüência de confrontos
sem inteligência e espasmos de
atuação inteligente.
Um mês de megaoperação
com mais de mil policiais no
Complexo do Alemão resultou
em 55 feridos, 17 mortos, dez
suspeitos presos, 13 armas e
240 quilos de drogas apreendidos. Ontem, em uma operação
calcada nos serviços de inteligência, a polícia do Rio foi mais
profícua em poucas horas do
que tem sido em mais de 30
dias de cerco nas favelas do
complexo.
Sem estardalhaço, sete acusados de tráfico foram presos
na Ilha do Governador, zona
norte, sendo cinco ex-pára-quedistas do Exército. Um deles Marcelo Soares de Medeiros, o Marcelo PQD, é apontado
pela polícia como chefe de facção do tráfico e responsável por
repassar táticas de guerrilha no
treinamento de "soldados" do
tráfico no Alemão.
O secretário de Segurança do
Estado, José Mariano Beltrame, disse que, mesmo nos serviços de inteligência, há necessidade de "dar tiros": "A inteligência que se produz na Vila
Cruzeiro é a mesma do que as
das operações da Polícia Federal, só que o meu problema está
na execução. Eu não posso pinçar um barraco ou dois para fora da Vila Cruzeiro".
Estatísticas mostram que os
confrontos têm sido mais comuns do que o uso dos serviços
de inteligência. Em 2007, a polícia fluminense matou 40%
mais, prendeu 23% menos em
comparação com os três primeiros meses do ano passado,
apreendeu 9% menos drogas e
8% menos armas. Cresceram
os casos de bala perdida.
No Complexo do Alemão e
nas favelas da Penha vivem
mais de 150 mil pessoas. Estima-se que menos de 1% tenha
envolvimento com o tráfico.
Com a operação policial, os lojistas calculam perdas de R$ 5
milhões, os imóveis se desvalorizaram em 30%, o lixo não
vem sendo recolhido, o abastecimento de água está precário,
telefones fixos não funcionam
e a luz chegou a ser cortada.
(LUIZ FERNANDO VIANNA, MÁRCIA BRASIL, RAPHAEL GOMIDE e SERGIO TORRES)
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