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Ex-militares de elite treinavam traficantes, suspeita a polícia
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO
Uma quadrilha composta de
ex-integrantes de tropa de elite
do Exército foi presa ontem,
em uma operação policial construída com base em informações colhidas pelo serviço de
inteligência. Eles seriam responsáveis por dar lições de
guerrilha para "soldados" de
facções criminosas do Rio.
Até o início da noite de ontem, os presos prestavam depoimento à polícia e a Folha
não tinha tido acesso aos advogados de defesa.
Os sete traficantes foram
presos pela manhã em uma casa no bairro Jardim Carioca, na
Ilha do Governador (zona norte). Eles usariam a casa como
base para retomar os pontos de
droga no morro do Dendê,
também na Ilha.
Segundo a polícia, a quadrilha era formada por cinco ex-militares e um funcionário público estadual, além do dono da
casa. O grupo saiu do complexo
do Alemão, na Penha (zona
norte). Foram apreendidos
cinco fuzis e quatro pistolas.
Um dos cinco ex-militares é
suspeito, como atirador de elite, de ter matado o soldado do
Bope (Batalhão de Operações
Especiais), Wilson Sant'Anna
Lopes, 28, no complexo do Alemão no dia dois de maio.
Entre os presos -cinco deles
ex-pára-quedistas- está Marcelo Soares de Medeiros, 34,
conhecido como Marcelo PQD.
Ex-chefe do tráfico no morro
do Dendê, ele era foragido desde o fim de 2006, quando passou a cumprir pena em regime
semi-aberto (apenas dorme na
prisão), saiu para visitar parentes e não voltou.
Segundo a polícia, PQD, que
era um dos chefes do Terceiro
Comando, estava refugiado no
complexo do Alemão. Em troca
da proteção, PQD passou a ser
integrante do Comando Vermelho, que controla a venda de
drogas no Alemão.
Ex-militar, PQD também
usaria táticas de guerrilha no
treinamento de soldados do
tráfico no Alemão. Na ocasião
de sua prisão, em 1999, o traficante mantinha uma academia
em casa. Praticar exercícios é
uma obsessão de PQD.
Ainda segundo a polícia, desde janeiro o traficante planejava retomar o Dendê.
Os policiais receberam a informação sobre a tentativa de
invasão do Dendê no fim da
noite de anteontem e montaram um cerco nos acessos ao
morro. Horas depois, os policiais localizaram a casa que
servia de base para quadrilha.
O cerco durou quase nove horas. Houve troca de tiros, mas
não há informações sobre feridos. No início da manhã, a quadrilha se rendeu.
A mulher de PQD foi a principal negociadora da rendição
entre a quadrilha e a polícia.
Outro preso é o arquivista
Roni Ribeiro, prestador de serviço da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro)
desde março desse ano. Ribeiro
está lotado na Comissão de Defesa do Consumidor da Alerj.
Ao ser informada, ontem, da
participação de Ribeiro na quadrilha de PQD, a deputada Cidinha Campos, do PDT, presidente da Comissão, demitiu o
arquivista.
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