São Paulo, sábado, 02 de junho de 2007

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Inteligência não dispensa tiros, afirma secretário da Segurança

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS (RJ)

O secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirma que atuar com serviço de inteligência não significa não atirar e diz que os traficantes da Vila Cruzeiro adotaram procedimentos comuns a guerrilheiros no confronto com os policiais.
Para ele, na Vila Cruzeiro, não se faz inteligência "sem tiro". Beltrame deu entrevista à Folha durante visita ontem a Angra dos Reis (RJ). Confira os principais trechos:

 


APREENSÃO
"As pessoas acham que inteligência não dá tiro. Isso não é verdade. O conhecimento que se produz para ir em determinado lugar e prender pessoas, como a Polícia Federal faz, é diferente. O cliente, o alvo, dessas operações da PF é de fácil acesso, nível cultural razoável, ultimamente são políticos, empresários. A inteligência que se produz na Vila Cruzeiro é a mesma inteligência, só que meu problema está na execução. Eu não posso pinçar, içar um barraco ou dois para fora da Vila Cruzeiro. É muito diferente fazer vigilância, controle visual de uma pessoa numa praça de Angra dos Reis. Fazer isso no complexo do Alemão é praticamente impossível."

COMANDO VERMELHO
"A ação que fazemos na Vila Cruzeiro pretendemos fazer em quatro, cinco lugares, no mínimo. Na Vila Cruzeiro, está a maior facção criminosa do Rio. Toda a decisão política de sua ações, a sua tesouraria."

MORTE DOS PMS
"O fato que desencadeou nossa ação lá foi a morte dos policiais. Ali nem o Estado nem a população tinham a liberdade de exercer seu direito de ir e vir. Não só a polícia. A qualquer instituição do Estado o tráfico impunha condições."

O IRAQUE É LÁ?
"A Vila Cruzeiro está longe disso [de se parecer com o Iraque]. O que encontramos lá, sem dúvida, foram ações pesadas como se tivéssemos numa guerrilha. Agora, comparar Vila Cruzeiro com Iraque, sob qualquer aspecto, vai uma distância muito grande."

OBJETIVO EM 4 ANOS
"Nossa meta é diminuir os índices de criminalidade e efetivamente passar para a comunidade uma sensação de paz."

COMO FAZER
"Temos que agir em todas as frentes de segurança pública. A longo prazo seriam as medidas estruturais. A médio prazo, a consolidação de um serviço de inteligência e de integração entre as polícias. A curto prazo, é buscar a ostensividade. Isso estamos fazendo diariamente."

EXÉRCITO NA FAVELA
"O militar tem função constitucional. Polícia é obrigação e dever do Estado. A Polícia Civil, a parte judiciária. A Militar, a ostensiva. Temos problemas. É inegável o nosso baixo efetivo."


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