São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2004

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BARBARA GANCIA

Eleitorado já engoliu a separação de Marta?

Estou atrás de notícias sobre o homem mais feliz do mundo, mas ele sumiu do mapa. Não, não falo do sujeito que ganhou sozinho na Mega Sena e ainda não deu sinal de vida. Refiro-me ao embaixador Paul Bremer, administrador norte-americano no Iraque, que devolveu a custódia do país aos iraquianos na segunda-feira, embarcou no primeiro avião rumo aos Estados Unidos e nunca mais deu as caras no noticiário.
Bremer é a epítome da elite norte-americana. Nasceu no lugar certo (Hartford, Connecticut); estudou nos lugares certos (Andover, Yale, Harvard e o Institut d'etudes Politiques); tem os mesmos modos dos Kennedys que deram certo (os trejeitos são os de Jack e a inflexão na voz é a de Bobby) e conseguiu todos os empregos certos no Departamento de Estado. De lambuja, o Sr. Certinho ainda é fluente em francês, alemão, holandês, norueguês e farsi.
Nos próximos dias, Bremer será o homem mais feliz do mundo. Por levar seu mandato até o fim e por sair vivo do inferno. Mas, assim que a ficha cair, ele terá de encarar seus feitos. Se foi pau-mandado do secretário Donald Rumsfeld, pouco importa. É no seu currículo que ficará impressa a decisão de promover a debandada do Exército iraquiano, colocando mais de 200 mil homens na clandestinidade.
Nos EUA de outros tempos, figuras com a biografia do administrador entravam para a história como estadistas ou heróis de guerra. Hoje, viram burocratas subservientes como o Paul Bremer do Iraque.
 
A esta altura do campeonato, não se esperava ver a prefeita Marta Suplicy com índices tão baixos nas pesquisas. Até aqui, sua administração não foi alvo de nenhum escândalo de grandes proporções, e o bem-vindo bilhete único de transporte já deveria ter servido para melhorar sua popularidade. Mas não é o que acontece. A prefeita consegue a proeza de estar atrás até mesmo do candidato campeão de acusações de corrupção.
Nesta semana, ela chegou a reclamar de sua sorte com a manicure. Enquanto fazia as mãos no salão Jacques Janine, ela lia o jornal em voz alta e dizia não ser culpada por tudo o que acontece de errado na prefeitura.
Pois, na minha modestíssima opinião, a prefeita deveria tentar reverter duas situações: 1) a péssima impressão deixada pela forma como se separou de Eduardo Suplicy e 2) a noção de que São Paulo elegeu uma Marta de pés no chão e recebeu outra, frívola e pomposa.

QUALQUER NOTA

Salvação da pátria
Quem ainda suporta, em época de férias escolares, chegar ao cinema com duas horas de antecedência, pagar pelo estacionamento e descobrir que não há mais ingressos à venda? Para quem se dispõe a pagar uma taxa extra, a pedida é comprar as entradas no site www.ingresso.com.br.

Democracia tapuia
No Rio, o novo aliado do PT é o filho de Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro. E, no Rio Grande do Sul, o prefeito de Cachoeirinha, José Stedile, irmão do líder do MST João Pedro Stedile, aliou-se ao PFL. Só falta agora o Erasmo Dias declarar amor eterno ao Babá e à Heloísa Helena.

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