MÁRIO ROSSIT
EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA CAMPINAS

A Justiça de Sumaré (120 km de SP) condenou a Igreja Universal do Reino de Deus a pagar R$ 10 mil de indenização por danos morais ao funcionário público Alcione Saturnino dos Santos, 36.
Segundo a sentença, Santos foi agredido por pastores dentro de um templo da Universal no centro de Campinas, em 2001, durante um ataque epiléptico. Os religiosos alegaram que o funcionário público estava "possuído pelo espírito das trevas", como descreve a decisão do juiz Rodrigo César Müller Valente, da 1ª Vara Cível.
A condenação é em primeira instância, e cabe recurso. Os advogados da Universal Edinomar Luis Galter e Adriana Guimarães Guerra disseram via e-mail que "a Igreja Universal ainda não está obrigada a nada, tendo em vista a existência de várias instâncias superiores a serem percorridas".
Segundo Santos, ele foi à igreja por volta das 20h30 do dia 20 de fevereiro para assistir a um culto -era a segunda vez que participava de uma reunião- e, no momento em que começou a sentir que teria uma convulsão, avisou os pastores e foi até o fundo do templo para tomar seu remédio.
De acordo com ele, nesse momento ocorreram as agressões. "Deram socos no meu rosto e disseram que eu estava possuído e bêbado. Tomo remédios controlados desde criança e não posso beber", disse Santos.
O advogado de Santos, Thiago Ferrari, 29, afirmou que tentou várias vezes um acordo com a igreja, mas não obteve êxito. "Na defesa, a igreja chegou a dizer que meu cliente não estava no culto e que não foi agredido por ninguém", afirmou o advogado.
O juiz justificou o valor da indenização alegando que a "ré é estabelecida em todo o país e no exterior, com capacidade econômica para suportar a indenização".


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