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Tenentes assumem supervisão do centro de controle de Brasília
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
A Aeronáutica formou ontem 15 novos tenentes especialistas em controle de tráfego
aéreo, que vão assumir as funções de supervisão no Cindacta-1 (o centro de controle de
Brasília) entre hoje e amanhã.
Virão se somar a eles mais 25
tenentes até o final deste ano.
Nessa função, todos os 40 poderão ter ascensão profissional
até a patente de coronel.
Com a medida, a Força Aérea
espera "militarizar" ainda mais
o sistema de controle de tráfego
aéreo, pois avalia que os problemas de operação-padrão e de
greve dos controladores, inclusive dos sargentos, foi justamente por "relaxamento da
hierarquia e da disciplina" nos
ambientes do setor.
Hoje, o sistema tem um comando chamado de "difuso",
pois é dividido entre sargentos
e civis, sem supervisão hierárquica direta de oficiais que garantam a hierarquia e a disciplina -princípios que a FAB
considera da essência da atividade militar.
Além de destacar tenentes
para a supervisão, a Força Aérea também vai liberá-los e a
outros oficiais, até a patente de
coronel, para ocuparem as funções de controle de tráfego aéreo, operando consoles que registram os dados dos vôos enviados por radar. A função, hoje, é típica de sargentos.
Dessa forma, a Aeronáutica
está aumentando os soldos e
gratificações dos controladores
de forma natural, pela patente,
sem necessidade de haver uma
medida provisória exclusiva
para criar um plano de carreira
específico para favorecer os
sargentos da categoria.
Impacto negativo
O Comando da Aeronáutica
chegou a enviar para a Casa Civil da Presidência um projeto
com o plano de carreira, elaborado ainda na gestão do comandante anterior, brigadeiro Luiz
Carlos Bueno. Seu sucessor,
brigadeiro Juniti Saito, porém,
desistiu da idéia.
Conforme a Folha apurou, o
plano de carreira para os controladores teria um impacto
negativo no setor, que inclui
sete setores, como os de comunicação, engenharia e cartografia. Para criar condições especiais para os controladores, o
governo teria de expandi-las
para as demais categorias.
Além disso, a idéia foi mal recebida no Exército e na Marinha e poderia ter um efeito em
cascata sobre toda a cadeia de
comando das Forças Armadas.
Em entrevista à Folha publicada ontem, o comandante Saito
disse que qualquer aumento
tem que ser para todos os militares, não para um setor específico.
Há, de fato, um projeto de
"recuperação da remuneração"
das três Forças, mas ele depende de aprovação do Ministério
da Defesa e da existência de orçamento na área econômica.
De qualquer forma, Saito
deixa claro que, enquanto houver incertezas quanto a novas
demonstrações de força dos
controladores, não se fala nem
em carreira nem em salários. E
a tese da "desmilitarização" do
controle de tráfego aéreo está
adiada por prazo indefinido.
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