São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2007

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Tenentes assumem supervisão do centro de controle de Brasília

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

A Aeronáutica formou ontem 15 novos tenentes especialistas em controle de tráfego aéreo, que vão assumir as funções de supervisão no Cindacta-1 (o centro de controle de Brasília) entre hoje e amanhã. Virão se somar a eles mais 25 tenentes até o final deste ano. Nessa função, todos os 40 poderão ter ascensão profissional até a patente de coronel.
Com a medida, a Força Aérea espera "militarizar" ainda mais o sistema de controle de tráfego aéreo, pois avalia que os problemas de operação-padrão e de greve dos controladores, inclusive dos sargentos, foi justamente por "relaxamento da hierarquia e da disciplina" nos ambientes do setor.
Hoje, o sistema tem um comando chamado de "difuso", pois é dividido entre sargentos e civis, sem supervisão hierárquica direta de oficiais que garantam a hierarquia e a disciplina -princípios que a FAB considera da essência da atividade militar.
Além de destacar tenentes para a supervisão, a Força Aérea também vai liberá-los e a outros oficiais, até a patente de coronel, para ocuparem as funções de controle de tráfego aéreo, operando consoles que registram os dados dos vôos enviados por radar. A função, hoje, é típica de sargentos.
Dessa forma, a Aeronáutica está aumentando os soldos e gratificações dos controladores de forma natural, pela patente, sem necessidade de haver uma medida provisória exclusiva para criar um plano de carreira específico para favorecer os sargentos da categoria.

Impacto negativo
O Comando da Aeronáutica chegou a enviar para a Casa Civil da Presidência um projeto com o plano de carreira, elaborado ainda na gestão do comandante anterior, brigadeiro Luiz Carlos Bueno. Seu sucessor, brigadeiro Juniti Saito, porém, desistiu da idéia.
Conforme a Folha apurou, o plano de carreira para os controladores teria um impacto negativo no setor, que inclui sete setores, como os de comunicação, engenharia e cartografia. Para criar condições especiais para os controladores, o governo teria de expandi-las para as demais categorias.
Além disso, a idéia foi mal recebida no Exército e na Marinha e poderia ter um efeito em cascata sobre toda a cadeia de comando das Forças Armadas. Em entrevista à Folha publicada ontem, o comandante Saito disse que qualquer aumento tem que ser para todos os militares, não para um setor específico.
Há, de fato, um projeto de "recuperação da remuneração" das três Forças, mas ele depende de aprovação do Ministério da Defesa e da existência de orçamento na área econômica.
De qualquer forma, Saito deixa claro que, enquanto houver incertezas quanto a novas demonstrações de força dos controladores, não se fala nem em carreira nem em salários. E a tese da "desmilitarização" do controle de tráfego aéreo está adiada por prazo indefinido.


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