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Delegado envolve Mellão em esquema de propina
da Reportagem Local
Os depoimentos de um delegado de polícia e de um dono de supermercado envolvem o presidente da Câmara Municipal de
São Paulo, Armando Mellão
(PMDB), no esquema de cobrança de propina na Administração
Regional de São Miguel Paulista
(zona leste de SP).
Os dois afirmam que Mellão garantiu o pagamento de uma dívida de R$ 14.625,50, referente a
cheques dados por camelôs como
propina a fiscais da regional.
O suposto envolvimento de Mellão com o esquema de São Miguel foi revelado em reportagem
da Folha, publicada em 6 de abril
deste ano. Após a reportagem, foi
aberto um inquérito, que resultou
nas prisões de um assessor político e do chefe de gabinete de Mellão, Florisvaldo Santos de Oliveira, na manhã de ontem.
O caso
No primeiro semestre de 97, fiscais de São Miguel "venderam" a
camelôs pontos no calçadão da
rua Serra Dourada, em frente à estação de trem. Os ambulantes fizeram os pagamentos em três
cheques pré-datados de R$ 1.000.
A Folha obteve cópias de cheques
dados por camelôs aos fiscais.
Após os pagamentos, o prefeito
Celso Pitta trocou o administrador regional. O novo administrador demitiu o antigo chefe da fiscalização, Ricardo Roque Melo,
que teria vendido os pontos.
Com medo de perder o dinheiro
e ter de sair do calçadão, alguns
camelôs sustaram os cheques. O
problema é que os cheques já haviam sido descontados pelos fiscais com o comerciante José Felix
da Silva, dono de um supermercado em Lajeado (zona leste).
Para não ter prejuízo, o comerciante procurou, em junho de 97,
o delegado de polícia José Zito Assunção, que à época trabalhava
em São Miguel. Mellão, dizem, foi
acionado e se reuniu dois dias depois com o comerciante e o delegado na sede da regional.
Segundo eles, Mellão garantiu
que a dívida seria paga pelos fiscais. No dia seguinte à reunião,
três funcionários da regional foram ao supermercado e pagaram
os R$ 14.624,50 ao comerciante,
em dinheiro. A prova do pagamento é um recibo, que a Folha
também obteve, assinado pelo
dono do supermercado com a data de 17 de junho de 1997.
"O Mellão me ajudou muito. Só
recebi por causa dele e do doutor
Zito", disse José Felix da Silva.
Confiança
À época, Mellão disse não se
lembrar de ter participado da reunião com o comerciante e o delegado. Mas confirmou conhecer os
três funcionários da regional envolvidos e que dois deles -Florisvaldo Oliveira e Dolírio Lamônica- trabalharam em seu gabinete na Câmara Municipal.
Por fim, disse ter muita confiança nos dois funcionários. "Eles
sempre foram meus cabos eleitorais. Posso garantir que essas duas
pessoas que eu conheço sempre
foram muito corretas comigo",
declarou Mellão.
(OTÁVIO CABRAL)
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