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CRIME ORGANIZADO
Bilhetes revelam até intenção de atacar estação de metrô; para Ministério Público, ala radical continua na ativa
Polícia desvenda plano terrorista do PCC
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da repressão policial, integrantes da ala radical do PCC
(Primeiro Comando da Capital)
continuam em atividade e, segundo o Ministério Público, planejavam novos atentados, entre eles
explodir uma estação de metrô
em São Paulo. Bilhetes encontrados pela polícia e por promotores
também mostram que líderes da
facção, mesmo isolados no RDD
(Regime Disciplinar Diferenciado), continuavam recebendo informações e dando ordens, inclusive para matar.
A prisão anteontem do advogado Mário Sérgio Mungioli, defensor do preso Marcos Willians
Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da facção criminosa,
encerrou uma investigação iniciada havia 15 dias.
Com o advogado, preso logo depois de visitar Marcola, que está
em RDD no Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente
Bernardes (interior de SP), policiais encontraram bilhetes que revelam o sistema de comunicação
usado por lideranças da facção.
Por esse sistema estariam sendo
planejados novos atentados.
Segundo o promotor Márcio
Christino, do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado), Mungioli foi
a Presidente Bernardes repassar
várias informações a Marcola e
avisá-lo de um plano de execução
de novos atentados elaborado por
integrantes de uma ala mais radical da facção.
Entre as ações, estaria um atentado contra a estação de metrô Jabaquara (zona sul), a explosão de
uma torre de energia e o sequestro de uma autoridade estadual
para chantagear o governo.
Escutas telefônicas e investigação do Gaeco mostraram que o
mentor do plano seria o preso
Alexandre Francisco Sandorfy,
conhecido como X, integrante da
ala mais radical da facção e que
está no RDD em Avaré. A intenção seria demonstrar força e amenizar o rigor do governo com líderes da facção.
Segundo o promotor Roberto
Porto, do Gaeco, apesar de planejar os atentados, X precisava de
autorização de Marcola -por isso o advogado foi acionado.
Mungioli, diz Porto, estava sendo monitorado há 15 dias. Ele teria deixado cair, em uma das visitas em Presidente Bernardes, um
bilhete no qual consulta Júlio Cesar Guedes de Moraes, o Julinho
Carambola -outro líder isolado
em Presidente Bernardes-, se
deveria continuar com o sistema.
Policiais do Deic (Departamento de Investigação sobre o Crime
Organizado) e promotores desconfiaram quando o advogado foi
visitar X em Avaré, dez dias atrás.
Anteontem, Mungioli foi visitar
Marcola e, na saída, foi preso com
três bilhetes, todos supostamente
feitos por ele.
No primeiro, datilografado, o
advogado retransmitiria seis informes e pedidos de autorização. Entre eles, Marcola
é informado de que R$ 40 mil foram coletados para a compra de
uma metralhadora. A aquisição
de um lança-granadas -que, segundo o Gaeco, poderia ser usado
nos atentados- também foi informada a Marcola.
No segundo bilhete, Mungioli
teria anotado as respostas do líder. No último item, um pedido a
mais de Marcola: usar "todos os
recursos" para localizar no sistema prisional e matar José Márcio
Felício, o Geleião, e Cesar Augusto Roris da Silva, o Cesinha, ex-líderes do PCC jurados de morte.
O terceiro bilhete traz cifras supostamente escritas pelo advogado que, segundo o Gaeco, confirmam os atentados. Um risco no
"S" entre os pontos cardeais desenhados significaria a estação Jabaquara, que fica na zona sul.
"Um atentado em uma estação de
metrô poderia causar muitas
mortes", avaliou Porto.
No parlatório de Presidente
Bernardes não há contato físico.
Preso e advogado são separados
por um vidro. Não há isolamento
de som, segundo a Promotoria.
Marcola leria as mensagens e depois transmitiria suas decisões.
"Isso mostra que líderes, apesar
de isolados, continuam no controle da facção", disse Christino.
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