São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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Após 3º acidente, prefeitura cassa autorização de empresa de ônibus

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Após três acidentes que deixaram nove feridos e um morto, a prefeitura cassou ontem a autorização da Cooperauhton, que transportava 20 mil pessoas de ônibus por dia na zona sul de São Paulo.
Uma fiscalização detectou outros quatro veículos com as porcas dos pneus frouxas, que "com certeza iam também sofrer acidentes", segundo o prefeito Gilberto Kassab (DEM). "Constatamos que mais de 200 ônibus não cumpriam as exigências mínimas e os interditamos", disse o prefeito.
Em menos de três semanas, nove pessoas se feriram e uma morreu em acidentes com ônibus da Cooperauhton. O último ocorreu na sexta, quando uma jovem foi atingida por uma roda e sofreu ferimentos leves.
Em 13 de setembro, um dia após o primeiro acidente, que matou uma pessoa, Kassab anunciou a fiscalização de 100% da frota municipal. A fiscalização não acabou e dois outros acidentes ocorreram.
A Secretaria de Transportes e a prefeitura não informaram por que o descredenciamento só foi decidido no final de semana. Segundo a secretaria, a decisão foi tomada no sábado, após uma série de reuniões.
No mesmo dia, a Folha publicou reportagem em que o secretário de Transportes, Alexandre de Moraes, disse não ser possível destituir a Cooperauhton, apesar da falta de condições de segurança. "Não adianta ficar tirando ônibus e prejudicar a população", disse.
Kassab também disse, na última sexta-feira, que não era certa a destituição da cooperativa. "É muito difícil substituir uma empresa com centenas de veículos", disse. A empresa tem uma frota de 589 ônibus e operava 36 linhas. Dos 373 ônibus vistoriados até quinta-feira pela prefeitura, 207 foram lacrados e só 27 aprovados.
Além do descredenciamento, a Cooperauhton não vai receber o repasse pelas viagens registradas nas catracas ontem, pois não respeitou a interdição, segundo a prefeitura, mantendo coletivos em circulação.

Sindicância
A hipótese de sabotagem, levantada pela cooperativa para explicar a série de acidentes parecidos no mesmo local, foi rebatida por Moraes.
O secretário garantiu que uma sindicância feita na empresa terminaria hoje, mas que já era possível concluir que a empresa não tinha plano de manutenção nem mecânicos e que, nos últimos 30 a 40 dias, não houve manutenção dos ônibus da empresa. Procurada, a empresa não se pronunciou.
Segundo a prefeitura, as linhas da Cooperauhton passam ao consórcio Unisul e à Cooperpam, que passou por vistoria do prefeito ontem e que tem, segundo Kassab, capacidade para atender à nova demanda. A Cooperpam tem 1.248 veículos e vai comprar 225 novos, segundo Clóvis Alves de Souza, advogado da empresa.


Colaborou DANIELA TÓFOLI


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