São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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Confronto entre sem-teto e PM deixa 9 feridos em Recife

Militantes fizeram protesto em frente à sede do governo de Pernambuco; os feridos foram 5 policiais e 4 sem-teto

Manifestantes e autoridades estaduais trocam acusações sobre a responsabilidade pelo início do conflito

Alcione Ferreira/DP
Integrantes de movimentos sem-teto entram em choque com a polícia em Recife, Pernambuco


FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Militantes de sem-teto ligados a nove movimentos sociais entraram em confronto ontem com a Polícia Militar em Recife, durante protesto em frente à sede do governo do Estado. Cinco policiais e quatro manifestantes se feriram e um sem-teto foi detido.
O ato integrou a Jornada de Luta pela Reforma Urbana e pelo Direito à Cidade, organizada para marcar o Dia Mundial do Habitat e o Dia Nacional da Reforma Urbana. Houve manifestações em Teresina, Curitiba, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro (veja texto ao lado).
O conflito em Recife começou às 10h40, quando manifestantes ameaçaram romper um cerco policial e invadir o Palácio do Campo das Princesas. Havia 800 pessoas no local, segundo a PM, e 3.000, conforme os organizadores.
Houve troca de empurrões e insultos. Policiais da tropa de choque foram recebidos a pedradas e responderam com spray de pimenta e bombas de efeito moral.
O sem-teto Orlando Francisco da Silva, paraplégico, se feriu na mão esquerda e nas pernas, atingidas por estilhaços de bomba. O soldado Servigaldo Cavalcanti levou pedrada e teve traumatismo craniano leve. Apontado como autor da agressão, o integrante do MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade) Edmilson Guedes foi detido em flagrante.
O trânsito na região foi interrompido pelos manifestantes. Um carro da PM foi apedrejado e teve o pára-brisa traseiro quebrado. Outros dois veículos também foram danificados. A PM acompanhava a movimentação dos sem-teto desde às 8h, quando, divididos em grupos, eles bloquearam quatro importantes avenidas de acesso ao centro de Recife com galhos e pneus velhos e atearam fogo às barreiras.
Os protestos, que só terminaram às 9h, provocaram congestionamentos de até cinco quilômetros. Após liberarem as pistas, os sem-teto saíram em passeata até a sede do governo.
Um dos líderes da manifestação, o coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) no Estado, Marcos Cosmo, acusou a polícia de ter iniciado o confronto. "Fomos recebidos com balas e cassetetes e torturados", disse.
O governo do Estado atribuiu a responsabilidade aos sem-teto. "Houve descontrole por parte de alguns manifestantes", disse o secretário da Articulação Social, Waldemar Borges.
Borges negociou o fim dos protestos numa reunião tensa no palácio, na qual os sem-teto gritaram, cantaram, deram socos na mesa, falaram palavrões e ameaçaram não sair enquanto Guedes, preso no conflito, não fosse libertado. O secretário anunciou a libertação às 15h e marcou nova reunião para a próxima semana. Os militantes então encerraram o protesto.

Colaborou CÍNTIA ACAYABA , da Agência Folha


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