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Representantes de entidades criticam controle mais rígido
Especialistas afirmam que medidas para moradores de rua
só seriam benéficas se fossem educativas e não impostas
Medida vem exatamente no
momento em que padre
Júlio Lancelotti, vigário do
povo de rua passa por
enfraquecimento político
VINICIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Entidades de defesa de direito dos moradores de rua e especialistas ouvidos pela reportagem foram unânimes ao criticar a imposição de controles
mais rígidos para a entrada nos
albergues paulistanos.
Para Edy de Lucca, da Organização de Auxílio Fraterno, a
discussão de direitos e deveres
da população de rua "só é boa se
for feita de maneira educativa".
"Esse conceito tem de ser
trabalhado para ser absorvido.
As regras têm de ser criadas
com um grupo, a partir de reflexões. Isso precisa nascer do
grupo. Determinar regras não é
educativo", afirma Lucca.
O coordenador-geral do Arsenal da Esperança, Gianfranco
Mellino diz que é preciso entender que muitos moradores
de rua não aceitam regras e imposições. "Não sei se impondo
uma coisa ajuda ou não", afirma o coordenador da entidade
ligada ao governo do Estado
que abriga 1.150 pessoas.
Especialistas apontam que as
medidas da prefeitura vêm
num momento de enfraquecimento político do padre Júlio
Lancelotti, vigário coordenador do Povo da Rua, uma das
principais organizações do setor, ligada à Arquidiocese de
São Paulo. Como o padre Júlio
não está desligado oficialmente
da função, ninguém na entidade foi encontrado para falar
com a Folha.
"Que política pública é essa?
É para incluir as pessoas ou para limpar a cidade? É um absurdo, um equívoco", diz Alderon Pereira da Costa, presidente da Associação Rede Rua.
Para o professor de sociologia da USP Álvaro Gullo, uma
das reclamações dos moradores de rua é o recebimento de
ajuda parcial, como refeições
em determinados horários.
"Ou dá ajuda integral ou não
dá nada. A assistência parcial
vicia", afirma Gullo.
Morador de um albergue de
família no Brás com mulher e
filha de 1 ano, Anderson Lopes
Miranda diz que o modelo cria
um "presídio semi-aberto, e
não inclusão social". "Isso não
constrói, só destrói. É preciso
ouvir a população de rua."
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