São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Luz atrai surfistas noturnos ao Guarujá

Há dois meses torres de iluminação com sensores para ligar ao anoitecer foram instaladas ao lado do Morro do Maluf

Além dos moradores do Guarujá, surfistas viajam de outras cidades e até do interior em busca de ondas noturnas

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUARUJÁ

Depois de um dia inteiro de trabalho, Wellington Silva Sales, 29, o Primo, vai para casa, toma um lanche e prepara a prancha. Chega à praia de Pitangueiras, no Guarujá (litoral de SP), às 21h, já de noite. No local, já há duas pessoas pegando onda. Outras chegam ainda mais tarde.
Há dois meses, é possível surfar até de madrugada ao lado do Morro do Maluf, um dos principais "picos" do Guarujá. Lá, foram instaladas oito torres de iluminação -com dois refletores de 1.000 watts cada uma.
"É bom depois de um dia estressante. Às vezes, fico lá no fundo conversando com a galera, pegando uma onda ou outra", diz Primo.
O jovem trabalha das 8h às 18h em um museu dedicado à memória do surfe, na frente do ponto que ganhou os totens. O dono do local, Alcino Neto, 38, o Pirata, que sai às 19h do trabalho, é outro que está sempre dentro d'água.
Mesmo sem uma das pernas -amputada após um acidente de moto quando tinha 15 anos-, ele dá aulas de surfe há mais de dez anos e, com a ajuda de uma prótese, não tem dificuldades em se equilibrar na prancha. "À noite, é sempre um desafio maior. É muito bom."
As torres ligam automaticamente, por meio de sensores, ao escurecer. Desligam, com o timer, entre 1h e 2h. Iluminam todo o canto da praia.
Para o presidente da Associação de Surf do Guarujá, Ricardo Simonian, 49, o Roley, a implantação dos holofotes é resultado de uma reivindicação de quase 20 anos. "O objetivo é possibilitar a prática do surfe a quem trabalha durante o dia."
Segundo ele, são cerca de 4.000 surfistas só na cidade, que aprovaram a novidade.

De longe
A atração tem feito com que gente de longe visite o local, como o estudante de publicidade Lucas Di Lorenzo, 20, o Chapolin, que mora em Campinas, mas vai todos os finais de semana para o litoral.
"No busão, na sexta, eu já ligo para saber como está o mar. Chego na vontade", diz.
O jovem costuma recorrer a um amigo, André Luiz Martins, 21, o Miquimba, também surfista, para ver qual o tamanho das ondas e se vale a pena sair correndo do interior.
Miquimba trabalha em um restaurante à beira-mar como ajudante de garçom e tem aproveitado a iluminação, já que só sai do trabalho às 23h30.
"Eu fico olhando o dia todo. Não vejo a hora de sair [do trabalho] e cair na água. Tem amigo meu que liga de São Paulo à tarde para saber como está o mar. Se falo que está bom, o cara faz até um bate-e-volta. Chega às 20h30 e volta para a capital às 23h", conta.
As oito torres custaram à prefeitura R$ 62 mil.
Na quinta, quando a reportagem esteve no local, não havia salva-vidas na praia, uma promessa na inauguração.
O secretário municipal de Serviços Públicos, Rogério Lima Neto, diz que um convênio será assinado nesta semana. "Os surfistas, com treinamento do Corpo de Bombeiros, já foram até selecionados. O sistema está preparado. Só falta assinar. Esse convênio vai durar o ano todo."
Lima Neto afirma ainda que, além de haver uma câmera de vigilância no local, a Guarda Municipal fará rondas à noite.


Colaborou MARIANA CAMPOS, da Agência Folha


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