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Falta compromisso com a eficiência, afirma coronel
da Reportagem Local
O coronel reformado José Vicente da Silva Filho acredita que os
desvios burocráticos da Polícia
Militar paulista têm um motivo
claro: faltam metas e cobrança do
cumprimento dessas metas.
Ex-assessor da Secretaria da Segurança Pública no governo de
Mário Covas, da qual saiu por divergências com o secretário José
Afonso da Silva, Silva Filho foi
também consultor do programa
de governo de Fernando Henrique
Cardoso no primeiro mandato.
Para o coronel, a burocracia acaba enredando os melhores policiais e a rua virou "castigo para
policial problemático".
Para reverter o que chama de
perversão, ele defende uma gratificação para os PMs que cuidam
do policiamento das ruas.
Folha - Por que a polícia não corrige seus desvios burocráticos?
José Vicente da Silva Filho - A
polícia não corrige esses desvios
porque não tem compromisso
com a eficiência. Se a polícia prender mais ou menos, não vai acontecer nada. Na Inglaterra, a Audit
Commision cobra metas. Em Nova York, o QG cobra metas. Aqui, a
Secretaria da Segurança não cobra.
Os batalhões da PM e os distritos
da Polícia Civil teriam de ser como
microempresas, com metas, orçamento. Sem isso, qualquer cobrança cai no vazio.
Folha - Por que a polícia não adota técnicas modernas de administração, como a idéia de metas?
Silva Filho - A polícia trabalha
em um sistema de urgência e de
ameaças constantes. Por isso ela
teria de ser mais eficiente do ponto
de vista administrativo. Mas o tradicionalismo dos policiais torna-os impermeáveis à modernização. Isso vem da Academia da Polícia Militar. Os oficiais estudam
800 horas de direito civil e só 72
horas de gerência policial. A polícia está defasada em técnicas de
planejamento, análise e motivação.
Folha - No governo Covas, a PM
ganhou mais homens, mais veículos, os salários foram aumentados,
mas a criminalidade não pára de
crescer. Qual o problema?
Silva Filho - O problema é que
os remédios que a polícia usa estão
com a validade vencida. São técnicas antigas, dos anos 70. Teria de
haver um programa de metas e cobrança. Têm de corrigir uma perversidade, que são os coronéis que
não entendem de policiamento, só
de burocracia. Na Inglaterra, os
melhores policiais vão para os locais mais violentos. Aqui, local
violento é castigo para policial
problemático.
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