São Paulo, domingo, 3 de janeiro de 1999

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SAIA JUSTA
Busca pelo "moço certo"
vira best seller

ANTONINA LEMOS
A apresentadora de TV Lúcia Soares,
34, mora sozinha, é independente financeiramente e acha que a sua vida profissional está bem resolvida. Mas ela assume que, quando se trata de vida afetiva, as coisas não estão dando muito certo. Motivos: falta de tempo para investir no assunto e dificuldade em encontrar homens legais e com quem ela se identifique.
Mulheres como ela viraram o assunto de cabeceira do verão. Elas estão retratadas no livro "O Diário de Brigdet Jones", que virou febre na temporada.
O diário, escrito pela inglesa Helen Fielding, virou best seller mundial e foi lançado no Brasil em novembro pela editora Record. O livro já está esgotado no país e a próxima edição deve ser lançada em janeiro.
A personagem do livro, Bridget, é uma moça solteira que está na casa dos 30 anos. Além de contar as aventuras da personagem em busca do "moço certo", o diário narra também as suas tentativas de organizar sua vida e ser uma mulher "madura".
Na vida real, mulheres solteiras assumem seu lado Bridget. "Sempre me preocupei muito com a minha vida profissional, em ficar independente, a parte afetiva acabou ficando de lado", diz Lúcia Soares. Hoje, ela assume que pensa em casar e ter filhos. "Mas só se tiver a sorte de encontrar um cara legal."
Assim como a personagem do livro, ela gostaria de encontrar alguém que quisesse se envolver de verdade. "Sou um pouco exigente, queria encontrar um cara que tivesse a ver comigo, com quem eu pudesse me divertir", diz.
"De preferência, alguém que estivesse na mesma fase de vida que eu. Há muito tempo não me relaciono com um cara que ganhe a mesma coisa que eu. Geralmente eles ganham menos."
As Bridgets se sentem mal quando vão a eventos de casados, em que são interrogadas sobre quando vão casar e ter filhos. A fotógrafa Daniela Albuquerque, 30, já passou por isso.
"Outro dia fui à festa de aniversário do filho da minha prima. Quando vi todos aqueles casais com filhos, me senti estranha. Acabei conversando a festa inteira com as minhas primas adolescentes", conta.

Adolescência tardia
Na vida real, as Bridgets também assumem que têm um lado infantil. Daniela acha que as pessoas de sua geração estão ficando adultas mais tarde.
"A gente só começa a entrar na vida adulta aos 30 anos, ainda me sinto adolescente em muitas coisas", diz.
Ela também pensa em casar e ter filhos. "Mas, na verdade, acho que tenho um pouco de medo de me envolver, meus últimos relacionamentos foram com pessoas que moram em outras cidades."
Mas nem todas as Bridgets estão procurando o senhor certo. A jornalista Raquel Afonso, 26, se identifica com a personagem, embora casamento e filhos não façam parte dos seus planos.
"Acho que mulheres como a gente, que trabalham e cuidam da própria vida, se divertem muito e são bem-humoradas. Temos as nossas responsabilidades, mas não abrimos mão da diversão. É por isso que até parecemos um pouco infantis", diz.
Lúcia concorda e reclama da falta de lugares para mulheres de 30 anos se divertirem em São Paulo. "Adoro sair para dançar. Mas é engraçado, quando eu saio, sempre sou a mais velha. A sensação que dá é que depois que você fez 30 anos não pode mais se divertir."



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