São Paulo, sábado, 03 de fevereiro de 2001

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Mensalidade aumenta mais que inflação, e família perde renda

ANTÔNIO GOIS E
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

As mensalidades escolares vão pesar no bolso do paulistano neste ano. Se, por um lado, a renda média mensal do trabalhador ocupado vem caindo desde 1998, segundo a Fundação Seade, por outro, a inflação do setor educacional calculada pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe em janeiro foi, mais uma vez, o fator que mais pressionou o índice de inflação de janeiro.
O índice de inflação do setor educacional (4,06%) é 9,7 vezes superior ao da inflação do mesmo período, que foi de 0,38%. Para calcular a inflação no ensino, a Fipe leva em consideração os preços das mensalidades de escolas e universidades, além dos de material escolar e livros.
Esse aumento do setor acima da inflação era previsto pela Fipe. "O aumento dos preços na área de educação está seguindo a tradição de repor as perdas com a inflação do ano anterior", afirma Juarez Rizzieri, coordenador-adjunto do IPC da Fipe.
O índice de 4,06% está dentro das expectativas, e a fundação ainda espera aumento em fevereiro. A inflação de 2000, segundo a Fipe, girou em torno de 6%.
Segundo Rizzieri, o setor da educação é um dos poucos que tem mecanismos para conseguir aumentos próximos ou até acima da inflação. "Um dos fatores que tornam isso possível é a demanda existente", avalia.
Segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), o reajuste médio das mensalidades no Estado foi de 7%, mas chegou em alguns casos a 15%. No ano passado, a média foi de 6%.

Universidades
No ensino superior, o Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo) estima um aumento de 4% nas mensalidades, mas o reajuste em alguns cursos chegou a 15%, como foi o caso dos cursos de medicina e enfermagem da PUC-SP.
A mensalidade desses cursos para os novos alunos, sem descontos, é de R$ 1.700 para medicina e R$ 591 para enfermagem. Em alguns cursos, no entanto, não houve reajuste na PUC, como nos de filosofia e serviço social.
Os reajustes das escolas e universidades particulares serão mais sentidos pelos paulistanos quando se leva em conta que a renda média mensal do trabalhador ocupado vem caindo. De janeiro de 1998 até janeiro de 2000, a queda na renda foi de 9,7%. Em novembro de 2000, último dado disponível, a renda média era de R$ 889, R$ 2 a menos do que a verificada em janeiro de 2000.


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