São Paulo, sábado, 03 de abril de 2004

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70% dos serviços nunca foram vistoriados

DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos 70% dos serviços de mamografia no país nunca foram vistoriados quanto à qualidade dos exames que realizam. As vigilâncias sanitárias fiscalizam apenas a área física e os vazamentos de radiação, por exemplo.
Mamógrafos defasados ou com defeitos geram imagens escuras ou distorcidas, que podem dificultar a visualização de possíveis tumores existentes na mama. A mamografia é o exame indicado no diagnóstico do câncer no seio.
Segundo o CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia), entidade que representa 8.000 médicos radiologistas e que possui regionais em 21 Estados, o país tem hoje 2.700 mamógrafos -redes pública e privada-, mas apenas mil passaram por um controle de qualidade. Hoje, só 370 mantêm um selo de qualidade expedido pelo CBR.
O colégio possui há 11 anos um programa de qualidade em mamografia, o qual avalia as condições dos mamógrafos e dos serviços médicos. É o único programa do gênero nessa área no país.
Segundo Aldemir Humberto Soares, presidente do CBR, para receber o selo, o serviço de radiologia tem de ser avaliado por uma comissão de radiologistas e físicos, que analisa as doses de radiação e a qualidade da imagem do equipamento. A comissão verifica como o profissional interpreta os dados do exame. O selo custa R$ 485 e vale por dois anos.
Soares diz que o programa chegou a ter mais de mil serviços cadastrados, mas atualmente só 370 continuam com o selo. "Há um desinteresse pela certificação porque, muitas vezes, ela exige investimentos extras." Segundo ele, muitos empresas utilizam matéria-prima mais barata para reduzir o preço do exame.
A competência de fiscalizar os serviços de radiologia são das vigilâncias sanitárias municipais e estaduais, que devem seguir as normas de uma portaria do Ministério da Saúde de 1998. O documento estabelece regras gerais, como a quantidade de radiação máxima usada no exame.
Segundo a assessoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a agência prepara novas regras para os serviços de radiologia. O Estado de São Paulo tem 431 serviços de mamografia cadastrados na vigilância.
Segundo Marta Aldred, supervisora da equipe técnica de radiação da Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo, ainda não há um estudo sobre as reais condições desses aparelhos. (CC)


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