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Abin acompanha ações de criminosos
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento das facções criminosas no país, como o PCC
(Primeiro Comando da Capital) e
o CV (Comando Vermelho), fez
com que elas deixassem de ser assunto exclusivo das polícias.
A Abin (Agência Brasileira de
Inteligência) tem produzido relatórios frequentes sobre esses grupos para o governo federal por temer que uma expansão deles
ameace a "ordem institucional".
Em São Paulo, os agentes começaram a trabalhar em fevereiro,
após o início da série de atentados
a bomba que antecedeu o dia 18
-data em que o PCC comemorou, com motins e mortes de detentos, um ano da maior rebelião
de presos na história do país.
Desde então, os agentes têm
buscado na polícia e no Ministério Público Estadual informações
principalmente sobre o funcionamento e a atuação do PCC. São relatórios confidenciais, depoimentos e grampos telefônicos feitos
durante as investigações.
"O crime organizado preocupa
institucionalmente o Estado e é
uma das prioridades da Abin",
afirmou o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional
da Presidência da República, general Alberto Cardoso, que responde pela agência, ao confirmar
que as ações do PCC são acompanhadas pelo governo federal.
Além da facção paulista, o Comando Vermelho e o Terceiro
Comando, no Rio de Janeiro, são
alvo de relatórios dos agentes.
Segundo Cardoso, esses grupos
estão sendo observados desde
que começaram a ser citados.
Em comum, as facções unem
presidiários e integrantes de quadrilhas em liberdade, envolvidos
com o tráfico de drogas e de armas, grandes roubos, esquemas
de corrupção e até sequestros.
Por enquanto, elas atuariam regionalmente, no Rio de Janeiro e
em São Paulo, segundo a Abin,
sem abrangência nacional.
Mas há suspeitas por parte da
polícia fluminense de que PCC e
Comando Vermelho tenham fechado uma aliança que pode representar fortalecimento e expansão, que envolveria a troca de drogas por armas, além de ações conjuntas. Isso teria sido formalizado
dentro das prisões, após contato
entre detentos das duas facções.
Pelo que a Folha apurou, a Abin
está coletando mais informações
com os Estados do que fornecendo novas descobertas sobre esses
grupos criminosos. Não há um
intercâmbio formalizado.
Cardoso classificou como rotineira a coleta de informações sobre as facções, considerando-a
importante para "nivelar conhecimento, trocar idéias e pedir sugestões". A Abin é vinculada ao
Gabinete de Segurança Institucional, órgão que recebe as informações e análises para posterior repasse ao presidente.
Os relatórios, disse Cardoso,
passam pela Coordenação de Crime Organizado da Abin e chegam
ao Ministério da Justiça, que pode
usá-los para montar estratégias
de ajuda aos Estados para o enfrentamento das facções.
(AS)
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