São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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Abin acompanha ações de criminosos

DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento das facções criminosas no país, como o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho), fez com que elas deixassem de ser assunto exclusivo das polícias.
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) tem produzido relatórios frequentes sobre esses grupos para o governo federal por temer que uma expansão deles ameace a "ordem institucional".
Em São Paulo, os agentes começaram a trabalhar em fevereiro, após o início da série de atentados a bomba que antecedeu o dia 18 -data em que o PCC comemorou, com motins e mortes de detentos, um ano da maior rebelião de presos na história do país.
Desde então, os agentes têm buscado na polícia e no Ministério Público Estadual informações principalmente sobre o funcionamento e a atuação do PCC. São relatórios confidenciais, depoimentos e grampos telefônicos feitos durante as investigações.
"O crime organizado preocupa institucionalmente o Estado e é uma das prioridades da Abin", afirmou o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Alberto Cardoso, que responde pela agência, ao confirmar que as ações do PCC são acompanhadas pelo governo federal.
Além da facção paulista, o Comando Vermelho e o Terceiro Comando, no Rio de Janeiro, são alvo de relatórios dos agentes.
Segundo Cardoso, esses grupos estão sendo observados desde que começaram a ser citados.
Em comum, as facções unem presidiários e integrantes de quadrilhas em liberdade, envolvidos com o tráfico de drogas e de armas, grandes roubos, esquemas de corrupção e até sequestros.
Por enquanto, elas atuariam regionalmente, no Rio de Janeiro e em São Paulo, segundo a Abin, sem abrangência nacional.
Mas há suspeitas por parte da polícia fluminense de que PCC e Comando Vermelho tenham fechado uma aliança que pode representar fortalecimento e expansão, que envolveria a troca de drogas por armas, além de ações conjuntas. Isso teria sido formalizado dentro das prisões, após contato entre detentos das duas facções.
Pelo que a Folha apurou, a Abin está coletando mais informações com os Estados do que fornecendo novas descobertas sobre esses grupos criminosos. Não há um intercâmbio formalizado.
Cardoso classificou como rotineira a coleta de informações sobre as facções, considerando-a importante para "nivelar conhecimento, trocar idéias e pedir sugestões". A Abin é vinculada ao Gabinete de Segurança Institucional, órgão que recebe as informações e análises para posterior repasse ao presidente.
Os relatórios, disse Cardoso, passam pela Coordenação de Crime Organizado da Abin e chegam ao Ministério da Justiça, que pode usá-los para montar estratégias de ajuda aos Estados para o enfrentamento das facções. (AS)


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