São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Parentes confirmam pressão de grupos

DA REPORTAGEM LOCAL

Parentes de presos do CDP 1 de Guarulhos reclamaram ontem da mistura, dentro da unidade, de presidiários ligados a facções com detentos primários que não integram grupo algum.
"O filho da minha vizinha ligou há uma semana dizendo que precisaria se filiar ao PCC, porque eles estavam dominando a unidade", disse a mulher de um dos detentos do CDP, que não quer ser identificada.
A ligação, segundo ela, foi feita do interior da cela por meio de um telefone celular levado para dentro do presídio por um integrante da facção PCC.
Familiares dos encarcerados no CDP de Guarulhos disseram não apoiar esse tipo de organização criminosa, diferentemente do que algumas vezes acontece em unidades prisionais onde há uma facção consolidada no poder.
"Eles deveriam ficar separados. Meu filho está para sair da cadeia, porque não provaram nada contra ele. Mas nem dorme direito lá, com medo", afirma a dona-de-casa L., 49.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) defendeu ontem a separação dos detentos por facções. "Isso poderia evitar chacinas como a que ocorreu em Guarulhos", disse o advogado Amir Fares, da Comissão de Direitos Humanos da Subsecção Guarulhos.
Segundo cinco familiares de presos ouvidos pela Folha, a rebelião de ontem estava anunciada havia uma semana.
"Se o PCC faz isso com cadeia, não deveriam estar aí", diz a dona-de-casa R., 57, mãe de um dos encarcerados.
Da lista de mortos divulgada ontem, dois eram egressos -cometeram delitos em liberdade condicional. Um era acusado de furtar e o outro de roubar. Os cinco restantes respondiam a processos por receptação, roubo, furto e formação de quadrilha.
Ontem, a Secretaria da Administração Penitenciária informou que não falaria sobre a rebelião.



Texto Anterior: Abin acompanha ações de criminosos
Próximo Texto: SC vai adotar módulos de aço como cela
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.