São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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Prefeitura vai punir perueiro "grevista"

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo decidiu punir, pela primeira vez na gestão petista, perueiros que participaram de uma manifestação. A medida foi tomada ontem, depois que mais de 500 perueiros, segundo a Polícia Militar, fizeram uma carreata da zona norte ao centro da cidade.
A alegação da Secretaria Municipal dos Transportes é que os perueiros, que são legalizados, utilizaram seus veículos na manifestação, que durou cerca de oito horas, deixando os passageiros sem transporte público.
Segundo Carlos Zarattini, secretário municipal dos Transportes, a fiscalização da SPTrans (órgão responsável pelo transporte coletivo) contabilizou 247 manifestantes, todos legalizados.
Eles serão notificados e, segundo regulamento da SPTrans, perderão cinco pontos em seus "cadastros" por estarem com os veículos, em horário de trabalho, fora do itinerário previsto.
Cada perueiro regularizado pode perder até 25 pontos, segundo o regulamento da SPTrans, que prevê punições e perda de pontuação para motoristas que, por exemplo, dirigem sem camisa ou fumam no veículo.
Acima desses 25 pontos, o motorista é obrigado a devolver o alvará e está automaticamente fora do sistema. Mais de 60 legalizados, nos últimos dois meses, foram descredenciados.
Zarattini disse que a medida não restringe o direito de manifestação da categoria. Segundo ele, se os perueiros quiserem se manifestar, podem fazê-lo, mas sem os veículos. "Se eles quiserem fazer manifestação, eles podem fazer. Deixa o carro deles lá parado e saem em passeata."
A categoria protestou contra o que chama de "imposição" de itinerário feita pela SPTrans. Também pede a retirada dos Urbaninhos (microônibus com ar-condicionado que circulam pelas zonas oeste e norte), alegando que eles "roubam passageiros".
Zarattini afirmou que os itinerários foram "acordados" com os perueiros e que não vai atender às reivindicações da categoria.
Líderes dos legalizados consideram a medida tomada pela prefeitura como "autoritária".
Para Guilherme Correa Filho, presidente da Transcooper (cooperativa da zona norte), a atitude do secretário mostra que "ele tem algum acordo com as empresas de ônibus" e afirmou que a categoria continuará protestando.
Zarattini afirmou que irá processar todos os perueiros que o acusarem de ter ligação com as empresas de ônibus.



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