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No frio, bichos ganham aquecedor em zôos
Animais também recebem dieta mais calórica para suportar temperaturas baixas, que chegaram antes neste ano
Soluções incluem cobertores para chimpanzés, pedras com resistência elétrica para répteis e estrados para leões
CÍNTIA ACAYABA
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
Com a chegada do frio antes
do inverno, os zoológicos reforçaram os cuidados para aquecer os bichos, principalmente
nas cidades mais frias do país.
As soluções para amenizar a
queda da temperatura incluem
cobertores para chimpanzés,
pedras com resistência elétrica
para répteis e estrados de madeira para leões. Dietas mais
calóricas também ajudam a aumentar a gordura, proteção natural contra o frio.
No zoológico de Curitiba
(PR), onde nesta semana foi registrada temperatura mínima
de -1,1C, o recinto dos répteis
recebeu lâmpadas infravermelhas e uma pedra artificial
aquecida por resistência elétrica, ligada dia e noite em 28C.
Na casa de alvenaria da chimpanzé Imperatriz, 39, um aquecedor elétrico foi acionado. O
primata também ganha cobertores e capim seco para se esquentar. A dieta é reforçada por
alimentos calóricos, como castanha-do-pará e coco.
"Nossa preocupação maior é
com as aves, que são mais sensíveis", diz a bióloga Maria Lúcia Gomes, que trabalha no
zoológico de Curitiba. As gaiolas são envoltas em cortinas de
plástico para reduzir o vento.
O zoológico de Curitiba, que
tem cerca de 2.200 bichos, registrou no inverno passado casos de pneumonia e gripe em
papagaios e cobras.
O zôo de Belo Horizonte
(MG), com temperaturas mais
altas (mínimas em torno de
10C), não tem proteção especial para aves nem registros de
"doenças de inverno". Também
não há reforço nas dietas, balanceadas para o ano todo.
Contudo, o recinto do gorila
Idi, 35, conta com uma plataforma carpetada. Na casa dos
répteis, aquecedores a óleo foram substituídos por pedras
aquecidas semelhantes às utilizadas em Curitiba.
Outro aquecedor a óleo é ligado no borboletário. "Se está
muito frio, a borboleta entra
em estado de dormência e não
se desenvolve", diz o biólogo
Humberto Mello, do zôo de BH.
No zoológico de Sorocaba
(100 km de São Paulo), as maiores intervenções por causa do
frio são feitas nos recintos das
aves e dos primatas.
Os viveiros das aves têm algumas de suas paredes fechadas, e macacos, gorilas e sagüis
ganham um aquecedor dentro
de suas "casinhas".
RS e SC
No zoológico de Sapucaia do
Sul (a 31 km de Porto Alegre),
répteis e mamíferos também
recebem cuidados especiais. A
exceção fica por conta do bugio
do sul, animal nativo e acostumado com o frio.
Os primatas ficam em "quartos" fechados com estufas que
mantêm a temperatura em
28 C -as mínimas podem chegar a 5 C na cidade.
Nos recintos dos répteis, placas elétricas aquecem a areia.
"Como os répteis não ficam em
contato com o sol, sem esse mecanismo eles podem ficar imóveis e deixar de se alimentar",
diz o biólogo Marcelo Linck.
Mamíferos -como o camelo,
a zebra e a girafa- ganham camas mais espessas feitas de lascas de madeira ou palha de arroz. Animais carnívoros, como
o leão, dormem sobre pedaços
de madeira, para não entrarem
em contato com o chão.
No zoológico de Pomerode (a
179 km de Florianópolis), os pisos dos recintos dos répteis, felinos e primatas são aquecidos
por resistências elétricas. "Damos cobertores para os macacos, mas eles só brincam. No
dia seguinte, os mantos aparecem rasgados ou enrolados nos
pescoços. Pode até ser perigoso", alerta o veterinário do zoológico, Marcus Cândido.
Colaborou RENATA BAPTISTA , da Agência Folha
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