São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS

Congonhas já foi mais inseguro, diz Anac

"Estivemos muito mais inseguros", disse o presidente da agência sobre o aeroporto durante o período de obras na pista

Em depoimento no Senado, Milton Zuanazzi disse que o aeroporto não é ideal, mas pode receber pousos e decolagens com segurança

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, afirmou ontem que Congonhas, palco da tragédia com o Airbus da TAM, esteve "muito mais inseguro" no período em que passou por reformas nas pistas, em comparação com a situação atual.
"Nós estivemos muito mais inseguros, essa palavra eu não gostaria de dizer, mas para efeito meramente de esclarecimento, durante todo esse período em que tivemos essas obras [nas pistas] do que depois dessas obras", disse em depoimento à CPI do Apagão Aéreo no Senado.
A seguir, ele citou a melhoria das condições de atrito, mesmo sem a colocação das ranhuras que facilitam o escoamento da água e, como conseqüência, a frenagem das aeronaves. As obras de recuperação na pista principal levaram 46 dias, sendo reaberta no final de junho.
Segundo o presidente da Anac, Congonhas não é um "aeroporto ideal". "Mas é um aeroporto, como outros no Brasil e no mundo, apto para esse tipo de operação [pousos e decolagens com segurança]."
"Se fôssemos fazer um aeroporto ideal, com certeza não seria Congonhas, com absoluta certeza. Que precisamos de um novo aeroporto, não há a menor dúvida", afirmou Zuanazzi, que prestou depoimento ao lado dos presidentes Marco Antonio Bologna (TAM) e José Carlos Pereira (Infraero) e do chefe do Cenipa, brigadeiro Jorge Kersul Filho.
Responsável da Aeronáutica pela investigação do acidente com o Airbus da TAM, Kersul Filho criticou o fato de a CPI da Câmara ter, um dia antes, tornado público os dados da caixa-preta da aeronave.
Segundo ele, a legislação internacional, da qual o Brasil é signatário -no caso, a Convenção de Chicago-, não está sendo respeitada pelo Congresso. "[O respeito à legislação internacional] Não ocorreu ontem [anteontem, na CPI da Câmara] e não tem ocorrido."
Kersul Filho disse que tem sido obrigado a disponibilizar os dados da investigação. "Não existe como rebater uma ordem judicial. Embora a gente faça todos os esforços, somos no final vencidos e temos que dividir as nossas investigações com outros órgãos que têm por obrigação estabelecer culpa e responsabilidade, coisa que não é de maneira nenhuma responsabilidade do Cenipa."
No anexo 13 da convenção, segundo o militar, há uma determinação de que tais informações fiquem restritas à comissão investigadora.
Anteontem, durante sessão da CPI do Apagão Aéreo da Câmara, deputados exibiram a transcrição da conversa na cabine do Airbus. Ontem, o relator da CPI do Apagão Aéreo do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), sugeriu que os responsáveis pelo vazamento podem perder seus mandatos. "Rasgaram a nossa Constituição nessa divulgação", completou o senador Tião Viana (PT-AC), presidente da comissão.


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