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TRAGÉDIA EM CONGONHAS
Congonhas já foi mais inseguro, diz Anac
"Estivemos muito mais inseguros", disse o presidente da agência sobre o aeroporto durante o período de obras na pista
Em depoimento no Senado, Milton Zuanazzi disse que o aeroporto não é ideal, mas pode receber pousos e decolagens com segurança
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil),
Milton Zuanazzi, afirmou ontem que Congonhas, palco da
tragédia com o Airbus da TAM,
esteve "muito mais inseguro"
no período em que passou por
reformas nas pistas, em comparação com a situação atual.
"Nós estivemos muito mais
inseguros, essa palavra eu não
gostaria de dizer, mas para efeito meramente de esclarecimento, durante todo esse período em que tivemos essas
obras [nas pistas] do que depois
dessas obras", disse em depoimento à CPI do Apagão Aéreo
no Senado.
A seguir, ele citou a melhoria
das condições de atrito, mesmo
sem a colocação das ranhuras
que facilitam o escoamento da
água e, como conseqüência, a
frenagem das aeronaves. As
obras de recuperação na pista
principal levaram 46 dias, sendo reaberta no final de junho.
Segundo o presidente da
Anac, Congonhas não é um "aeroporto ideal". "Mas é um aeroporto, como outros no Brasil e
no mundo, apto para esse tipo
de operação [pousos e decolagens com segurança]."
"Se fôssemos fazer um aeroporto ideal, com certeza não seria Congonhas, com absoluta
certeza. Que precisamos de um
novo aeroporto, não há a menor dúvida", afirmou Zuanazzi,
que prestou depoimento ao lado dos presidentes Marco Antonio Bologna (TAM) e José
Carlos Pereira (Infraero) e do
chefe do Cenipa, brigadeiro
Jorge Kersul Filho.
Responsável da Aeronáutica
pela investigação do acidente
com o Airbus da TAM, Kersul
Filho criticou o fato de a CPI da
Câmara ter, um dia antes, tornado público os dados da caixa-preta da aeronave.
Segundo ele, a legislação internacional, da qual o Brasil é
signatário -no caso, a Convenção de Chicago-, não está sendo respeitada pelo Congresso.
"[O respeito à legislação internacional] Não ocorreu ontem
[anteontem, na CPI da Câmara] e não tem ocorrido."
Kersul Filho disse que tem
sido obrigado a disponibilizar
os dados da investigação. "Não
existe como rebater uma ordem judicial. Embora a gente
faça todos os esforços, somos
no final vencidos e temos que
dividir as nossas investigações
com outros órgãos que têm por
obrigação estabelecer culpa e
responsabilidade, coisa que
não é de maneira nenhuma responsabilidade do Cenipa."
No anexo 13 da convenção,
segundo o militar, há uma determinação de que tais informações fiquem restritas à comissão investigadora.
Anteontem, durante sessão
da CPI do Apagão Aéreo da Câmara, deputados exibiram a
transcrição da conversa na cabine do Airbus. Ontem, o relator da CPI do Apagão Aéreo do
Senado, Demóstenes Torres
(DEM-GO), sugeriu que os responsáveis pelo vazamento podem perder seus mandatos.
"Rasgaram a nossa Constituição nessa divulgação", completou o senador Tião Viana (PT-AC), presidente da comissão.
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