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Brasil pode ser rota para refino de droga
SOLANO NASCIMENTO
ENVIADO ESPECIAL A RIO BRANCO
Duas apreensões em quatro dias
de pasta de coca embarcada em
Cruzeiro do Sul, no Estado do
Acre, na fronteira com o Peru, reforçaram a suspeita da Polícia Federal de que narcotraficantes peruanos estão deixando de procurar laboratórios colombianos,
atualmente sob forte repressão, e
passando a usar o Brasil como rota para buscar o refino da droga
em outros países.
As apreensões foram feitas na
terça-feira e na sexta-feira da semana passada. No total, foram
encontrados 79,3 quilos da pasta,
que é preparada com a folha da
coca e, depois de refinada, transformada em cocaína.
A primeira apreensão ocorreu
em Manaus (AM). A PF prendeu
no aeroporto três brasileiros que
haviam embarcado em um vôo
em Cruzeiro do Sul. O avião fez
uma conexão em Rio Branco
(AC) e se dirigia para Belém (PA).
Os brasileiros estavam com 37,8
quilos de pasta.
A segunda apreensão foi na noite da última sexta-feira em Cruzeiro do Sul. Policiais federais que
vigiavam um suposto traficante
descobriram 41,5 quilos de pasta
camuflada em um fundo falso de
um automóvel que seria levado
para Rio Branco na carroceria de
um caminhão.
Esse tipo de transporte de automóvel é comum devido à precariedade dos 640 quilômetros de
rodovia que ligam Cruzeiro do
Sul à capital.
Foi a maior apreensão de pasta
de coca do ano no Estado do Acre.
Outras seis apreensões haviam
sido feitas este ano em Cruzeiro
do Sul, mas a média era de 12 quilos cada uma.
No ano passado, em todo o Estado, foram apreendidos 310 quilos de pasta. Este ano, as apreensões já chegam a 240 quilos.
Alto custo
De acordo com o delegado Glorivan Bernardes, superintendente
da Polícia Federal no Acre, o deslocamento de pasta peruana para
o Brasil é uma maneira encontrada pelos traficantes de fugir do alto custo do refino em laboratórios
da Colômbia, principalmente por
causa das altas taxas de proteção
que eles pagam a guerrilheiros e
militares.
"Ainda não temos certeza de
qual seria o destino da pasta
apreendida", afirma o superintendente da PF.
Ele suspeita de que a droga estava sendo transportada para laboratórios de refino da Guiana, do
Suriname e da Guiana Francesa,
mas não descarta a possibilidade
de a pasta ter sido enviada para
preparo dentro do Brasil.
Operação
O governo brasileiro lançou, na
semana passada, a Operação Cobra. Por essa operação foi reforçada a fiscalização da fronteira do
Brasil com a Colômbia, no Amazonas.
A intenção é impedir que narcotraficantes e guerrilheiros busquem novas áreas de atuação por
causa do Plano Colômbia, que
reúne os governos colombiano e
norte-americano no combate à
produção de cocaína.
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