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Dos diplomados, 83% são brancos
DA SUCURSAL DO RIO
Os dados do Censo mostram
que a universidade no Brasil não é
apenas para poucos, é também
quase uma exclusividade dos
brancos: da população com mais
de 25 anos e nível superior, 82,8%
são brancos. Isso significa que os
brancos têm quatro vezes mais
acesso à universidade do que pretos, pardos, amarelos e indígenas,
todos somados.
Dos brasileiros com nível superior, apenas 12,2% são pardos,
2,1%, pretos e 2,3%, amarelos. Só
0,1% é indígena. Em comparação
com o total da população do país
(53,8% de brancos, 6,2% de pretos, 0,5% de amarelos, 39,1% de
pardos e 0,4% de indígenas), há
mais brancos e mais amarelos que
o esperado. Caem as proporções
de pretos, pardos e indígenas.
São quase inexistentes as alterações em relação a 1991, quando o
Censo apontou que, entre os portadores de nível superior com
mais de 25 anos, 83,1% eram
brancos, 12,9% eram pardos,
2,26% eram amarelos, 1,3% eram
pretos e 0,04% era indígena.
Numa análise de cada grupo étnico, nota-se que os orientais conseguem mais acesso à universidade: se, no total do país, a taxa de
graduados é de 6,4% (população
com mais de 25 anos), entre os
amarelos a proporção é de 25,7%.
Dos brancos na mesma faixa
etária, 9,4% concluíram a universidade; dos pretos, 2%, dos pardos, 2,3%, dos indígenas, 2%. Em
todos os grupos étnicos houve aumento em relação a 1991.
O Censo também mostra a concentração regional do saber no
Brasil: a região Sudeste tem 59,7%
dos diplomas de nível superior,
proporção maior que sua população (42,6% do total do país).
São Paulo, o Estado mais rico da
federação, tem 34,5% dos diplomas -e 21,8% da população. O
desequilíbrio se repete no Rio de
Janeiro, que tem 14% dos diplomas e 8,4% da população. O Nordeste, onde vivem 28,1% dos brasileiros, tem apenas 14,1% dos diplomas de nível superior.
Racismo
Para o cientista social José Luiz
Petruccelli, pesquisador do Departamento de Indicadores Sociais do IBGE e responsável pela
análise dos dados, a baixa presença de negros na universidade
"não tem outra explicação a não
ser racismo". "É a discriminação,
é a sociedade de castas presente
no Brasil", afirmou.
Na avaliação dele, o país precisa
implementar de forma efetiva políticas de ação afirmativa destinadas a reduzir a desigualdade racial, como as cotas para negros.
Para Petruccelli, a maior presença de orientais na universidade se deve a fatores como a grande
concentração desse grupo em São
Paulo, onde está a maior parcela
dos diplomados do país (34,5%) e
há maior facilidade de acesso a
bens culturais. O pesquisador
também identifica nesse grupo
maior valorização do conhecimento.
(FE)
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