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São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003

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Dos diplomados, 83% são brancos

DA SUCURSAL DO RIO

Os dados do Censo mostram que a universidade no Brasil não é apenas para poucos, é também quase uma exclusividade dos brancos: da população com mais de 25 anos e nível superior, 82,8% são brancos. Isso significa que os brancos têm quatro vezes mais acesso à universidade do que pretos, pardos, amarelos e indígenas, todos somados.
Dos brasileiros com nível superior, apenas 12,2% são pardos, 2,1%, pretos e 2,3%, amarelos. Só 0,1% é indígena. Em comparação com o total da população do país (53,8% de brancos, 6,2% de pretos, 0,5% de amarelos, 39,1% de pardos e 0,4% de indígenas), há mais brancos e mais amarelos que o esperado. Caem as proporções de pretos, pardos e indígenas.
São quase inexistentes as alterações em relação a 1991, quando o Censo apontou que, entre os portadores de nível superior com mais de 25 anos, 83,1% eram brancos, 12,9% eram pardos, 2,26% eram amarelos, 1,3% eram pretos e 0,04% era indígena.
Numa análise de cada grupo étnico, nota-se que os orientais conseguem mais acesso à universidade: se, no total do país, a taxa de graduados é de 6,4% (população com mais de 25 anos), entre os amarelos a proporção é de 25,7%.
Dos brancos na mesma faixa etária, 9,4% concluíram a universidade; dos pretos, 2%, dos pardos, 2,3%, dos indígenas, 2%. Em todos os grupos étnicos houve aumento em relação a 1991.
O Censo também mostra a concentração regional do saber no Brasil: a região Sudeste tem 59,7% dos diplomas de nível superior, proporção maior que sua população (42,6% do total do país).
São Paulo, o Estado mais rico da federação, tem 34,5% dos diplomas -e 21,8% da população. O desequilíbrio se repete no Rio de Janeiro, que tem 14% dos diplomas e 8,4% da população. O Nordeste, onde vivem 28,1% dos brasileiros, tem apenas 14,1% dos diplomas de nível superior.

Racismo
Para o cientista social José Luiz Petruccelli, pesquisador do Departamento de Indicadores Sociais do IBGE e responsável pela análise dos dados, a baixa presença de negros na universidade "não tem outra explicação a não ser racismo". "É a discriminação, é a sociedade de castas presente no Brasil", afirmou.
Na avaliação dele, o país precisa implementar de forma efetiva políticas de ação afirmativa destinadas a reduzir a desigualdade racial, como as cotas para negros.
Para Petruccelli, a maior presença de orientais na universidade se deve a fatores como a grande concentração desse grupo em São Paulo, onde está a maior parcela dos diplomados do país (34,5%) e há maior facilidade de acesso a bens culturais. O pesquisador também identifica nesse grupo maior valorização do conhecimento. (FE)


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