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RETRATOS DO BRASIL
Da população em idade pré-escolar (de 4 a 6 anos), cerca de 3,8 milhões não frequentam a escola
Só 9,4% das crianças até 3 anos vão à creche
DA SUCURSAL DO RIO
Depois do diagnóstico de aumento da escolarização em todo o
país, os últimos dados do Censo
apontam problemas específicos,
como no grupo mais jovem: cerca
de 38,6% das crianças de 4 a 6
anos, o equivalente a 3,8 milhões
de crianças, estão fora da escola.
É pior o atendimento na faixa de
0 a 3 anos: apenas 9,4% das crianças nessa faixa etária frequentam
creches. O IBGE não divulgou dados referentes a 1991 sobre isso.
As divulgações anteriores do
Censo já mostraram que, de 1991
a 2000, a escolarização aumentou
em todas as faixas etárias. O analfabetismo, para a população com
mais de 15 anos, caiu de 19,4% em
1991 para 12,9% em 2000.
O ensino é obrigatório dos 7 aos
14 anos de idade. Mesmo assim,
6% das crianças e adolescentes
nessa faixa etária não estão ou
nunca estiveram estudando.
Na faixa dos sete anos, 7,7% das
crianças em todo o país ainda não
começaram a estudar. Esse problema é mais concentrado em alguns Estados do Norte: em Rondônia, a taxa é de 28% ; no Acre,
ela atinge 24,5%.
Para Ana Lúcia Saboia, chefe da
Divisão de Indicadores Sociais do
IBGE, a preocupação com as
crianças menores se deve ao fato
de que, muitas vezes, a criança de
sete anos que nunca foi à escola
antes sente dificuldades no aprendizado. "A situação do pré-escolar é muito ruim. Os estudos mostram que o ingresso com quatro
anos é fundamental para o desenvolvimento cognitivo", afirma.
Estudo feito por ela com base
em dados do Censo mostra que o
Brasil tem 224 municípios com
100% das crianças de quatro anos
fora da escola. Entre eles, Corumbiara e São Francisco do Guaporé,
em Rondônia. Em Jordão, no
Acre, 89,5% das crianças de quatro anos não estudam.
Ao contrário do que costuma
acontecer, porém, o Nordeste tem
aqui os melhores índices: 48,5%
das crianças de quatro anos da região estão fora da escola, abaixo
da média nacional (59%) e das demais regiões.
No Norte, por exemplo, 67%
das crianças nessa faixa etária não
estudam. A proporção é de 59%
no Sudeste, 71,2% no Sul e 70,2%
no Centro-Oeste.
O Ceará é o Estado em que as
crianças entram mais cedo na escola: apenas 36,9% das crianças
de quatro anos ainda não estudam. Rondônia, mais uma vez,
tem a pior taxa, 80,3%.
A consultora em educação Dolores Kappel considera muito baixos os índices de crianças de 0 a 6
anos na escola. Ela afirma que,
nessa faixa etária, o cérebro da
criança conclui grande parte de
seu desenvolvimento.
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