São Paulo, domingo, 03 de dezembro de 2006

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Empresas têm cenário ideal para negociar

DA REPORTAGEM LOCAL

Os empresários de ônibus não tiveram nenhum ganho imediato devido ao reajuste de 15% da tarifa.
Isso porque a remuneração deles paga pela prefeitura é independente do preço da passagem e, definida por contrato, varia, conforme a região, de R$ 0,99 a R$ 1,81 por passageiro (são computados inclusive os que viajam de graça, como idosos), sendo reajustada anualmente.
Na teoria, poderiam até temer fuga de usuários do transporte público. Mas, na prática, as viações, que mantêm há anos como um de seus principais consultores exatamente Pedro Kassab, que é irmão do prefeito, estão comemorando este cenário visto.
Elas ficaram satisfeitas e otimistas com a situação, ainda que não lucrem imediatamente, principalmente por alguns motivos de médio e longo prazo.
Em primeiro lugar, se a passagem seguisse a R$ 2, elas temiam que a prefeitura tivesse que fazer cortes em sua remuneração.
E, com maior folga nas contas municipais, aumenta a margem de negociação para futuras reivindicações das viações. O cenário se tornou mais favorável, por exemplo, para barganhar os reajustes contratuais de março. Nos últimos dias, em meio à definição do aumento da passagem, os empresários de ônibus chegaram, inclusive, a pedir um adiantamento para pagar a primeira parcela do 13º -que foi negado.
Em segundo lugar, os empresários temiam que, sem reajuste da tarifa, os investimentos da prefeitura e a exigência de renovação de frota fossem comprometidos -algo que lhes traria prejuízos.
Por um aditivo contratual firmado neste ano, as viações passaram a ganhar um pagamento adicional quando compram ônibus novos. Em 2005, a renovação da frota tinha ficado congelada. Em 2006, com essa nova regra, já estão previstos um total de 850, que deve dobrar no ano que vem.
Na zona oeste, esse adicional elevou a remuneração do consórcio de R$ 1,2190 para R$ 1,2333 por passageiro.
Além disso, é vantagem para toda empresa manter o seu patrimônio atualizado e em boas condições, com menores custos de manutenção.

Redução de subsídio
O desejo do prefeito Gilberto Kassab (PFL) é reduzir os subsídios à tarifa -de R$ 320 milhões em 2007- e investir esse dinheiro em obras, dizem seus assessores.
Já a vontade da cúpula do transporte municipal para que haja sobra de recursos na cidade para novos investimentos é restringir alguns benefícios, como as gratuidades de estudantes do setor privado e as baldeações livres do bilhete único do vale-transporte -que, por essa visão, seria um benefício aos patrões.
(AI)


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