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entrevista
Para analista, má vontade política afeta prevenção
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA
O Brasil tem capacidade
para prevenir e enfrentar desastres, mas esbarra na falta
de vontade política, diz a indiana Debarati Guha-Sapir,
55, diretora do Cred (Centro
de Pesquisa Sobre Epidemiologia de Desastres), da
Universidade Católica de
Louvain, Bélgica.
O Cred tem um banco de
dados, usado pela ONU, com
registros em todo o mundo
desde o início do século 20.
Segundo a entidade, o Brasil
é o sexto país mais afetado
por cheias desde 1980.
FOLHA - O que é mais determinante nos danos causados por
desastres? Geografia ou falta de
políticas preventivas?
DEBARATI GUHA-SAPIR - Ambos.
Se um país está no caminho
de ciclones, como Bangladesh ou a região do Caribe,
ele pode tomar ações preventivas, como um zoneamento que impeça construções em áreas de alto risco e
treinar comunidades para
onde ir em casos de alerta.
FOLHA - No caso específico de
enchentes, o que é possível fazer?
GUHA-SAPIR - Há várias opções de engenharia a baixo
custo, como barragens e
transposições de cursos d'água. Mas há exemplos de países, como o Vietnã, em que
moradores de vilas têm a responsabilidade de medir o nível de água na época de enchentes e informar anormalidades às autoridades.
FOLHA - Qual a capacidade do
Brasil em prevenir desastres?
GUHA-SAPIR - É mais do que
suficiente para enfrentar desastres. Não é um país pobre,
tem uma população suficientemente instruída e uma boa
renda per capita. A capacidade não é tão problemática
quanto a vontade política do
Estado de assumir a necessidade de trabalhar para reduzir os danos de enchentes e
inundações. Em muitos países -inclusive o meu, a Índia- há uma negligência na
prevenção de enchentes.
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