São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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entrevista

Para analista, má vontade política afeta prevenção

BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA

O Brasil tem capacidade para prevenir e enfrentar desastres, mas esbarra na falta de vontade política, diz a indiana Debarati Guha-Sapir, 55, diretora do Cred (Centro de Pesquisa Sobre Epidemiologia de Desastres), da Universidade Católica de Louvain, Bélgica. O Cred tem um banco de dados, usado pela ONU, com registros em todo o mundo desde o início do século 20. Segundo a entidade, o Brasil é o sexto país mais afetado por cheias desde 1980.

 

FOLHA - O que é mais determinante nos danos causados por desastres? Geografia ou falta de políticas preventivas?
DEBARATI GUHA-SAPIR
- Ambos. Se um país está no caminho de ciclones, como Bangladesh ou a região do Caribe, ele pode tomar ações preventivas, como um zoneamento que impeça construções em áreas de alto risco e treinar comunidades para onde ir em casos de alerta.

FOLHA - No caso específico de enchentes, o que é possível fazer?
GUHA-SAPIR
- Há várias opções de engenharia a baixo custo, como barragens e transposições de cursos d'água. Mas há exemplos de países, como o Vietnã, em que moradores de vilas têm a responsabilidade de medir o nível de água na época de enchentes e informar anormalidades às autoridades.

FOLHA - Qual a capacidade do Brasil em prevenir desastres?
GUHA-SAPIR
- É mais do que suficiente para enfrentar desastres. Não é um país pobre, tem uma população suficientemente instruída e uma boa renda per capita. A capacidade não é tão problemática quanto a vontade política do Estado de assumir a necessidade de trabalhar para reduzir os danos de enchentes e inundações. Em muitos países -inclusive o meu, a Índia- há uma negligência na prevenção de enchentes.


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