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CASO ABRAVANEL
Segundo Nagashi Furukawa, Dutra Pinto foi agredido por agentes penitenciários dentro da prisão, em dezembro
Secretário diz que sequestrador apanhou
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Administração
Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, confirmou ontem que o sequestrador Fernando
Dutra Pinto apanhou dentro da
prisão, em uma suposta briga
com agentes, no último dia 10 de
dezembro -Dia Internacional
dos Direitos Humanos.
O médico do CDP do Belém, Ricardo Cezar Cypriani, que o atendeu no mesmo dia, descreveu inclusive à imprensa os "ferimentos
de natureza leve" que encontrou
no corpo dele: esquimoses e hematomas no braço, peito e perna.
Apesar disso, não houve sindicância interna. Ontem, o secretário desconhecia o nome dos
agressores, os motivos da briga na
prisão e se os envolvidos ainda
continuam trabalhando no CDP.
"Não se apurou porque a própria
vítima pediu [para não haver investigação"." Para Furukawa, como se tratava de lesão corporal leve, segundo a lei, seria preciso que
Dutra Pinto dissesse à Justiça que
queria processar os culpados.
Pelo que a Folha apurou, a necessidade de recorrer à Justiça
não impediria a continuidade da
sindicância administrativa por
parte da Corregedoria Administrativa, ligada à secretaria.
As advogadas de Dutra Pinto,
Maura Marques e Simone Caparroz, dizem que ele teria apanhado
por não tratar um agente como
"senhor" durante conversa no pátio. Elas confirmam que seu cliente não quis abertura de processo
contra os culpados, apesar de o
caso e o nome dos agentes envolvidos na agressão terem sido registrados em "termo circunstanciado" no 9º DP (Carandiru).
O médico Cypriani disse ter receitado a Dutra Pinto, na época,
antiinflamatório para amenizar a
dor que ele sentia. "Ele não se referia a dor significativa", afirmou.
Ao médico, durante o exame, o
sequestrador relatou ter se ferido
em confronto com funcionários.
"Também me informaram depois
que o desentendimento ocorreu
por um ato de indisciplina."
Ontem, o juiz-corregedor dos
presídios, Octávio Augusto Machado de Barros Filho, afirmou
que não tinha sido informado da
agressão, oficialmente ou não. "Se
tivesse sido, teria instaurado sindicância", disse o juiz.
É o que será feito hoje por ele, a
partir das declarações do médico
do CDP e do secretário.
Nos presídios, a Corregedoria
Administrativa, ligada à secretaria, investiga as faltas funcionais.
Já a Corregedoria dos Presídios,
do Judiciário, investiga as faltas
que afetam o cumprimento da Lei
de Execuções Penais.
(ALESSANDRO SILVA)
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