São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2002

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CASO ABRAVANEL

Segundo Nagashi Furukawa, Dutra Pinto foi agredido por agentes penitenciários dentro da prisão, em dezembro

Secretário diz que sequestrador apanhou

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Administração Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, confirmou ontem que o sequestrador Fernando Dutra Pinto apanhou dentro da prisão, em uma suposta briga com agentes, no último dia 10 de dezembro -Dia Internacional dos Direitos Humanos.
O médico do CDP do Belém, Ricardo Cezar Cypriani, que o atendeu no mesmo dia, descreveu inclusive à imprensa os "ferimentos de natureza leve" que encontrou no corpo dele: esquimoses e hematomas no braço, peito e perna.
Apesar disso, não houve sindicância interna. Ontem, o secretário desconhecia o nome dos agressores, os motivos da briga na prisão e se os envolvidos ainda continuam trabalhando no CDP. "Não se apurou porque a própria vítima pediu [para não haver investigação"." Para Furukawa, como se tratava de lesão corporal leve, segundo a lei, seria preciso que Dutra Pinto dissesse à Justiça que queria processar os culpados.
Pelo que a Folha apurou, a necessidade de recorrer à Justiça não impediria a continuidade da sindicância administrativa por parte da Corregedoria Administrativa, ligada à secretaria.
As advogadas de Dutra Pinto, Maura Marques e Simone Caparroz, dizem que ele teria apanhado por não tratar um agente como "senhor" durante conversa no pátio. Elas confirmam que seu cliente não quis abertura de processo contra os culpados, apesar de o caso e o nome dos agentes envolvidos na agressão terem sido registrados em "termo circunstanciado" no 9º DP (Carandiru).
O médico Cypriani disse ter receitado a Dutra Pinto, na época, antiinflamatório para amenizar a dor que ele sentia. "Ele não se referia a dor significativa", afirmou.
Ao médico, durante o exame, o sequestrador relatou ter se ferido em confronto com funcionários. "Também me informaram depois que o desentendimento ocorreu por um ato de indisciplina."
Ontem, o juiz-corregedor dos presídios, Octávio Augusto Machado de Barros Filho, afirmou que não tinha sido informado da agressão, oficialmente ou não. "Se tivesse sido, teria instaurado sindicância", disse o juiz.
É o que será feito hoje por ele, a partir das declarações do médico do CDP e do secretário.
Nos presídios, a Corregedoria Administrativa, ligada à secretaria, investiga as faltas funcionais. Já a Corregedoria dos Presídios, do Judiciário, investiga as faltas que afetam o cumprimento da Lei de Execuções Penais. (ALESSANDRO SILVA)



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