São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2008

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Bando faz dez reféns, abre túnel e tenta furtar empresa

Foram dois seqüestros; ações criminosas começaram antes do Natal, disse a polícia

Objetivo era construir túnel para furtar empresa de valores em São José dos Campos, mas grupo desistiu após encontrar obstáculo

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JACAREÍ E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Dez pessoas, incluindo duas crianças de 3 e 6 anos, foram seqüestradas por uma quadrilha que planejava construir um túnel para furtar a empresa de transporte de valores Prosegur, em São José dos Campos (91 km de SP). Os criminosos tomaram uma oficina mecânica vizinha à empresa e iniciaram o túnel, mas desistiram porque, segundo a polícia, encontraram um muro de concreto no solo.
A ação começou em 24 de dezembro, quando foi seqüestrado o dono de um sítio em Jacareí, que serviu de cativeiro, e acabou ontem de madrugada, quando os criminosos desistiram do furto, soltaram as vítimas e fugiram.
Até ontem, ninguém havia sido identificado. Há suspeita de envolvimento do grupo que em setembro roubou R$ 15 milhões da Protege, em São Paulo.
Por volta das 15h30 do dia 1º, o comerciante C.T.S, 40, um dos donos da oficina, recebeu uma ligação de supostos clientes com um carro quebrado na rodovia dos Tamoios.
C. foi socorrê-los na companhia do amigo N.A.S., 42. Quando chegaram ao local, foram dominados por três homens, que anunciaram o plano de construir o túnel. Enquanto isso, seriam mantidos reféns.
C. e N. foram levados ao sítio. Em seguida, juntou-se a eles o sócio de C., J.R.S, 39. Os três foram levados para a casa de C., onde estavam a mulher dele e duas crianças. O grupo ainda seqüestrou a mulher de J., que estava na casa do casal.
As sete vítimas passaram a noite na casa. Segundo N., os seqüestradores estavam calmos. "Nos levaram miojo, bolachas, Coca-Cola e até compraram remédio para o ouvido inflamado de uma das crianças."
Às 8h do dia 2, todos foram levados ao sítio em Jacareí. Uma oitava pessoa, o motorista I.M.P., se juntou a eles. Para a polícia, ele foi contratado pelos criminosos para transportá-los até o sítio e foi seqüestrado.
C. foi o único a deixar o cativeiro, levado pelos criminosos para abrir a oficina -para não despertar suspeitas.
À noite, o bando desistiu do furto. Quando eles voltaram ao cativeiro pela última vez, disseram às vítimas que elas seriam soltas. Segundo N., o bando deixou o local e duas novas vítimas surgiram. Uma delas é o dono do sítio, R.J.C, 40, que disse à polícia ter sido mantido refém desde o dia 24. O segundo seria um pedreiro -o nome dele não está no boletim de ocorrência.
Parte das vítimas, segundo C., foi a São José avisar a polícia. A versão policial é outra: um dos reféns fugiu, ainda com a quadrilha no cativeiro, e informou os policiais. Foi por isso, com base nessa versão, que os policiais perseguiram os seqüestradores. O bando fugiu após jogar "miguelitos" (pregos cruzados) e furar os pneus dos carros dos policiais.


Colaborou o "Agora"


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