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Bando faz dez reféns, abre túnel e tenta furtar empresa
Foram dois seqüestros; ações criminosas começaram antes do Natal, disse a polícia
Objetivo era construir túnel para furtar empresa de valores em São José dos Campos, mas grupo desistiu após encontrar obstáculo
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JACAREÍ E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Dez pessoas, incluindo duas
crianças de 3 e 6 anos, foram seqüestradas por uma quadrilha
que planejava construir um túnel para furtar a empresa de
transporte de valores Prosegur,
em São José dos Campos (91
km de SP). Os criminosos tomaram uma oficina mecânica
vizinha à empresa e iniciaram o
túnel, mas desistiram porque,
segundo a polícia, encontraram
um muro de concreto no solo.
A ação começou em 24 de dezembro, quando foi seqüestrado o dono de um sítio em Jacareí, que serviu de cativeiro, e
acabou ontem de madrugada,
quando os criminosos desistiram do furto, soltaram as vítimas e fugiram.
Até ontem, ninguém havia sido identificado. Há suspeita de
envolvimento do grupo que em
setembro roubou R$ 15 milhões da Protege, em São Paulo.
Por volta das 15h30 do dia 1º,
o comerciante C.T.S, 40, um
dos donos da oficina, recebeu
uma ligação de supostos clientes com um carro quebrado na
rodovia dos Tamoios.
C. foi socorrê-los na companhia do amigo N.A.S., 42. Quando chegaram ao local, foram
dominados por três homens,
que anunciaram o plano de
construir o túnel. Enquanto isso, seriam mantidos reféns.
C. e N. foram levados ao sítio.
Em seguida, juntou-se a eles o
sócio de C., J.R.S, 39. Os três foram levados para a casa de C.,
onde estavam a mulher dele e
duas crianças. O grupo ainda
seqüestrou a mulher de J., que
estava na casa do casal.
As sete vítimas passaram a
noite na casa. Segundo N., os
seqüestradores estavam calmos. "Nos levaram miojo, bolachas, Coca-Cola e até compraram remédio para o ouvido inflamado de uma das crianças."
Às 8h do dia 2, todos foram
levados ao sítio em Jacareí.
Uma oitava pessoa, o motorista
I.M.P., se juntou a eles. Para a
polícia, ele foi contratado pelos
criminosos para transportá-los
até o sítio e foi seqüestrado.
C. foi o único a deixar o cativeiro, levado pelos criminosos
para abrir a oficina -para não
despertar suspeitas.
À noite, o bando desistiu do
furto. Quando eles voltaram ao
cativeiro pela última vez, disseram às vítimas que elas seriam
soltas. Segundo N., o bando deixou o local e duas novas vítimas
surgiram. Uma delas é o dono
do sítio, R.J.C, 40, que disse à
polícia ter sido mantido refém
desde o dia 24. O segundo seria
um pedreiro -o nome dele não
está no boletim de ocorrência.
Parte das vítimas, segundo
C., foi a São José avisar a polícia. A versão policial é outra:
um dos reféns fugiu, ainda com
a quadrilha no cativeiro, e informou os policiais. Foi por isso, com base nessa versão, que
os policiais perseguiram os seqüestradores. O bando fugiu
após jogar "miguelitos" (pregos
cruzados) e furar os pneus dos
carros dos policiais.
Colaborou o "Agora"
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