São Paulo, sábado, 04 de fevereiro de 2006

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"Meio acadêmico é hipócrita"

DA REPORTAGEM LOCAL

Roberto da Silva, 47, é negro e professor doutor da Faculdade de Educação da USP desde 2002. Formado em pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso, defende cotas raciais para professores por considerar a proposta "perfeitamente legítima".
"Se a USP e as outras universidades não criarem um sistema que viabilize o acesso das pessoas mais desfavorecidas nas carreiras universitárias, o que vai acontecer é a perpetuação do sistema de exclusão", afirma Silva.
Dentro do campus, o professor diz que o preconceito é "velado". "Existe o mínimo de respeito porque o professor está legitimado no cargo que exerce por causa do concurso público. Mas todos enfrentam algum tipo de racismo."
Opinião parecida tem o professor da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) Kabengele Munanga, 63. Ele afirma que o meio acadêmico é "hipócrita" e, por isso, diz que não há um preconceito aberto.
Questionado se já foi alvo de algum problema na USP por ser negro, ele preferiu não responder diretamente. Afirmou apenas: "Qualquer negro no Brasil sente preconceito. Às vezes, por meio de uma sutileza na fala das pessoas", declarou o docente, que é vice-diretor do MAC (Museu de Arte Contemporânea). Ele leciona na USP desde 1980.


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