São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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SAÚDE

Araraquara vai bancar programa de reeducação alimentar; inicialmente, 36 pessoas, sendo 18 crianças, serão atendidas

Cidade paulista adota plano contra obesos

KATIUCIA MAGALHÃES
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

A Prefeitura de Araraquara (273 km de São Paulo) lançou um programa de reeducação alimentar, chamado Viva Leve, Leve Saúde, para tentar reduzir o número de obesos na cidade.
O coordenador de atividades agroindustriais e segurança alimentar da prefeitura, Sinézio Inácio da Silva Júnior, 42, estima que entre 15% e 20% da população de Araraquara, que tem 182,4 mil habitantes, seja obesa.
De acordo com o Ministério da Saúde, 8% dos brasileiros são obesos, sendo que 70% do total são mulheres. Ainda segundo o ministério, 32% da população corre risco de ter o problema.
Segundo o coordenador municipal dos programas de saúde, Nestor Armando Rodriguez Rodriguez, 43, 36 pessoas, sendo 18 adultos e 18 crianças, todos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) e considerados obesos, foram selecionados para participar inicialmente do programa, que conta com médicos, psicólogos, nutricionistas e professores de educação física.
Antes de serem escolhidos, os pacientes passaram por entrevistas nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde). "O programa ainda é restrito e não podemos atender muitas pessoas, por isso, houve a necessidade de selecionar pacientes", disse.
A prefeitura atenderá a primeira turma de inscritos durante três meses, em 12 sessões, sempre às segundas-feiras. Na primeira fase dos atendimentos, os pacientes passarão pelo NGA (Núcleo de Gestão Assistencial), onde terão consultas com endocrinologistas, que irão acompanhar e orientar o início do tratamento.
Em seguida, os pacientes serão encaminhados para o Centro de Reabilitação de Araraquara, onde serão atendidos por psicólogos, nutricionistas e professores de educação física.

Programa nas escolas
O combate à obesidade não é inédito na cidade. Em novembro do ano passado, a prefeitura implantou o projeto Alimentando Saúde nas escolas e creches da rede municipal, após uma pesquisa ter apontado que 8% (680) de 8.500 crianças, com idades entre três e dez anos, eram obesas.
Segundo Silva, a prefeitura teve o apoio de entidades privadas como o Uniara (Centro Universitário de Araraquara) e a empresa de alimentos Nutrire, que cedeu os profissionais de nutrição que elaboraram os cardápios das merendas escolares.
De acordo com Silva Júnior, a prefeitura observou que, com o programa implantado nas escolas, a prevenção da obesidade ajudou a evitar doenças como diabetes tipo 2, problemas cardiovasculares, arteriosclerose e câncer de mama e de próstata.
Com a diminuição da incidência de doenças, Silva Júnior afirma que a prefeitura economiza com remédios e complicações cirúrgicas decorrentes de diabetes e do excesso de gordura.
Segundo ele, um dos maiores objetivos alcançados com o programa na escola foi a aproximação dos pais das crianças em tratamento com os nutricionistas.
"Os pais, que muitas vezes também sofrem com a obesidade, perderam a vergonha e passaram a pedir orientações sobre tratamentos. Por isso, a prefeitura está fazendo um programa para atender adultos também", disse.
Para ele, o atendimento das crianças nas escolas quebrou a barreira e o preconceito que as pessoas tinham de admitir a obesidade e procurar tratamento.


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