São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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V.A.,18, dava golpe em shopping

DA REPORTAGEM LOCAL

O dono do supermercado em que era carregador não gostou quando viu V.A., hoje 18, sentado na porta da frente, no horário de serviço. Despediu o adolescente, que, depois, não achou mais emprego.
Foi na mesma época que V., então com 15 anos, começou a fumar maconha. O dinheiro da mãe, dona-de-casa, e do único dos cinco irmãos que trabalhava, como segurança, não dava nem para sustentar a família, muito menos para o vício.
Desempregado, o menino passou a fazer pequenos furtos. No fim de semana, vestia a melhor roupa, pegava uma sacola "de shopping" e ia da Inácio Monteiro (zona leste) a galeria Pagé, no centro de São Paulo.
De olhos azuis e loiro, V. ia às lojas e conversava com o dono. Quando a pessoa se distraía com o movimento, jogava três discmans na sacola. Vendia cada a R$ 100 para camelôs.
Dava só metade do dinheiro para a mãe, e aos poucos, "para ela não achar que era roubado". Contava que tinha "carregado areia". Hoje, dos R$ 50 que ganha por mês costurando bolas de futebol na Febem, manda R$ 40 para a mãe. O resto fica para cigarros e biscoitos.
Pela descrição da ação na Pagé, parece que foi uma decisão fácil. Não foi. "Tinha medo, mas estava precisando mesmo, para ajudar minha família."


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