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V.A.,18, dava golpe em shopping
DA REPORTAGEM LOCAL
O dono do supermercado em
que era carregador não gostou
quando viu V.A., hoje 18, sentado na porta da frente, no horário de serviço. Despediu o
adolescente, que, depois, não
achou mais emprego.
Foi na mesma época que V.,
então com 15 anos, começou a
fumar maconha. O dinheiro da
mãe, dona-de-casa, e do único
dos cinco irmãos que trabalhava, como segurança, não dava
nem para sustentar a família,
muito menos para o vício.
Desempregado, o menino
passou a fazer pequenos furtos.
No fim de semana, vestia a melhor roupa, pegava uma sacola
"de shopping" e ia da Inácio
Monteiro (zona leste) a galeria
Pagé, no centro de São Paulo.
De olhos azuis e loiro, V. ia às
lojas e conversava com o dono.
Quando a pessoa se distraía
com o movimento, jogava três
discmans na sacola. Vendia cada a R$ 100 para camelôs.
Dava só metade do dinheiro
para a mãe, e aos poucos, "para
ela não achar que era roubado". Contava que tinha "carregado areia". Hoje, dos R$ 50
que ganha por mês costurando
bolas de futebol na Febem,
manda R$ 40 para a mãe. O resto fica para cigarros e biscoitos.
Pela descrição da ação na Pagé, parece que foi uma decisão
fácil. Não foi. "Tinha medo,
mas estava precisando mesmo,
para ajudar minha família."
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