São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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Para administração Lula, eficácia dos programas implantados vai ajudar a deter aumento da criminalidade

Governo aposta em transferência de renda

DA REPORTAGEM LOCAL

A secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ana Fonseca, afirma que, além dos projetos de segurança pública, o governo Lula está combatendo a criminalidade com ações sociais. Exemplifica sua tese citando os programas de transferência de renda, como o Agente Jovem, o Bolsa-Família e o Peti (ação de erradicação do trabalho infantil).
O Bolsa-Família, adotado desde outubro de 2003, é o resultado da unificação de quatro programas -Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Vale-Gás e Cartão-Alimentação-, pelo qual o governo repassa de R$ 15 a R$ 95 aos beneficiados. Até o final do ano passado eram atendidas 3,6 milhões de famílias em todo o país.
O Peti deve atender 810 mil jovens em 2.606 municípios brasileiros. Já o programa Agente Jovem, que dá bolsas de estudo a pessoas de 15 a 17 anos expostas a situação de risco social, atende 57 mil pessoas no país -sendo 15 mil só em São Paulo.
Ana Fonseca diz que esses programas de transferência de renda "reduzem a pressão das famílias para que esses jovens deixem a escola e tenham de ingressar no mercado de trabalho prematuramente". É, em suas palavras, um "trabalho preventivo". Para ela, não há uma geração perdida. "Há, sim, uma geração desesperançada. Mas temos que disputar cada criança com o tráfico."

Outros fatores
Nome forte do governo Lula na área social, Ana Fonseca diz que é preciso considerar os outros fatores que geram os crimes. "Há muitos ingredientes além do desemprego, como a má distribuição de renda, o racismo e a baixa escolaridade. E temos lutado em várias frentes", afirma.
Técnicos da Secretaria Nacional da Segurança Pública, do Ministério da Justiça, compartilham dessa opinião. Dizem que "o desemprego não leva necessariamente ao aumento da criminalidade". Citam estudo que mostra uma maior incidência de roubos em Estados com melhor índice de desenvolvimento humano.
Os mesmos técnicos, no entanto, concordam que as ações sociais mais eficazes para combater a violência (como o estímulo à geração de renda) são feitas em áreas violentas das metrópoles.

Prefeitura de São Paulo
O secretário de Segurança Urbana da Prefeitura de São Paulo, Benedito Mariano, reagiu às críticas do secretário da Segurança Pública do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho à condução da Guarda Civil Metropolitana.
"Ele [Saulo] tem uma visão simplista e reacionária de segurança pública que não valoriza a prevenção e só quer caçar criminosos. A guarda municipal vai aumentar para inibir o crime, com um efetivo que chegará a 8.000 até o final do ano. Para quem se coloca como pré-candidato a prefeito, Saulo precisa conhecer mais da realidade de São Paulo", afirmou.
Mariano também criticou o governo estadual por restringir o acesso ao Infocrim (banco de dados sobre ocorrências criminais).
"É difícil planejar a ação da GCM (Guarda Civil Metropolitana) se não sabemos com precisão onde e como ocorrem os crimes e quem são as vítimas preferenciais", disse. (FABIO SCHIVARTCHE)


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