DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Para Ricardo Balestreri, secretário nacional de Segurança Pública, órgão ligado ao Ministério da Justiça, a promoção de passeios turísticos na favela da Rocinha (zona sul do Rio) que incluem conversas com traficantes armados é "apologia ao crime e banalização dele".
"Fico pasmo que se faça turismo em cima do crime. Não se pode estruturar uma ação de turismo em cima do encontro de criminosos", diz. "É o enxovalhamento da imagem brasileira no exterior, leva uma imagem de absoluta impunidade, que nós estamos "glamourizando" a atividade criminosa, apresentando o crime de uma forma espetacularizada."
A Riotur, empresa de turismo da Prefeitura do Rio de Janeiro, que lista a Private Tours na página 33 do guia bimestral da cidade, no capítulo "tours especiais", diz que a agência vai ser retirada do catálogo e que "o caso é de polícia".
"Vamos investigar o caso, saber quem são essas pessoas e elas vão ser retiradas. A polícia tem de resolver isso. Se eles sabem onde estão os traficantes, têm de denunciar à polícia", diz Cristina Rigitano, relações públicas da empresa.
"Que esses guias estão levando turistas para conhecer bandidos é inimaginável. Os traficantes têm de ser presos e os guias juntos", afirma Rigitano.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio diz que o passeio "coloca a vida dos turistas em risco", mas que "só vai se pronunciar depois da publicação da reportagem para poder falar alguma coisa".
O promotor e professor de direito criminal Rogério Leão Zagallo diz que, ao tentar justificar a conduta criminosa dos traficantes, o guia Pedro Novak (da Private Tours) pode ser enquadrado no artigo 287 do Código Penal, que trata da apologia ao crime ou criminoso.
"O tráfico de entorpecente tem de ser censurado e jamais elogiado, jamais justificado. Ninguém pode, impunemente, fazer louvor de uma atividade tão danosa para a sociedade."


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