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Embu das Artes terá de readequar entorno do centro histórico
Medidas como restrição a circulação e estacionamento de veículos são parte de acordo com Ministério Público Federal
Está prevista ainda a retirada do painel publicitário e de canteiros centrais, que darão lugar a uma via de acessibilidade
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de Embu das Artes
(25 km de São Paulo) está sofrendo um "efeito bumerangue". Em 2000, quando ainda
era vereador, denunciou um recapeamento que ameaçava a
conservação do centro histórico da cidade. Agora, como prefeito, Geraldo Leite da Cruz
(PT) terá de encarar os desdobramentos do arremesso: cumprir uma série de exigências feitas pelo Ministério Público Federal para readequação da área
histórica.
Conhecida pelo artesanato,
principalmente de móveis, a cidade tem uma construção jesuítica erguida entre os séculos
17 e 19, que abriga a igreja Nossa Senhora do Rosário, tombada pelo Iphan (conselho do patrimônio histórico nacional) e
pelo Condephaat (conselho do
patrimônio histórico estadual)
e o museu de Arte Sacra.
O entorno, no entanto, é bem
século 21: carros estacionados
em frente à igreja, árvores encobrindo a paisagem e um
enorme painel publicitário
anunciando o show de um artista local no meio do largo
-ações que foram autorizadas
pela prefeitura sem a aprovação dos órgãos de preservação.
Por conta disso, o Ministério
Público Federal firmou, em
abril, um termo de ajustamento de conduta com o governo
municipal, que passa a se responsabilizar pela readequação.
A maioria das propostas de
implantação deve ser apresentada aos órgãos de preservação
até meados de maio. Se forem
aprovadas e tiverem anuência
do Ministério Público Federal,
começam a ser implementadas.
Do contrário, estabelece-se outro prazo para nova proposta.
A multa para cada dia de descumprimento é de R$ 500. Passados 30 dias, o valor sobe para
R$ 1.000. Segundo o secretário
administrativo Adaucto José
Durigan, as ações serão pagas
com o orçamento deste ano.
A circulação de carros será
restringida por pilaretes, colocados em vias que dão no largo
da igreja. Onde hoje os carros
estacionam, haverá bancos para quem quiser contemplar a
edificação. Está prevista ainda
a retirada do painel publicitário
e de canteiros centrais, que darão lugar a via de acessibilidade. Árvores que escondam o patrimônio serão podadas ou retiradas; outras, que possam disfarçar construções mais recentes, serão colocadas respeitando projeto de arborização.
As fachadas terão de seguir
uma padronização de placas e
cores; já a sinalização da área
central será substituída por outra que se integre à paisagem.
"A idéia era que permanecesse o centro histórico com essa
característica de cidade do interior, mesmo estando tão próximos de São Paulo", afirma o
prefeito Cruz. Ele diz ter achado positiva a ação do ministério. "Fizemos a denúncia em
2000. Depois acabei ganhando
a prefeitura e estou respondendo à ação agora. A intervenção
do Ministério Público Federal é
interessante porque nos ajuda
a fazer uma modernização preservando a questão histórica."
Outras medidas devem pegar
carona nessa maré de mudanças. A poucos metros da igreja
do Rosário, em outra praça, a
vegetação se expandiu a ponto
de encobrir um coreto. As plantas serão podadas, para que o
coreto volte a se destacar, e os
canteiros serão redesenhados.
Alterações de pavimentação
e iluminação também estão
previstas. Para o que não for
exigência do termo de compromisso, a prefeitura deve buscar
recursos do Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias), subordinado ao governo Estadual.
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