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Instituto fará estudo inédito de tratamento do câncer
Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira começa a operar na terça
Maior centro oncológico da América Latina desenvolverá pesquisa para tratar doença em sua fase molecular, antes do surgimento do tumor
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Três pés de jaca na área externa e um enorme painel colorido do artista plástico Romero
Britto no hall de entrada imprimem uma atmosfera de acolhimento a quem chega ao número 251 da avenida Doutor Arnaldo, zona oeste de São Paulo.
Ali, em um edifício de 29 pavimentos localizado no ponto
mais alto da cidade, começa a
funcionar a partir de terça-feira
o Instituto do Câncer de São
Paulo Octavio Frias de Oliveira
(ex-Instituto Doutor Arnaldo),
o maior centro oncológico da
América Latina, com 580 leitos,
que pretende aliar assistência
médica, pesquisa e educação.
Quando o instituto estiver
em pleno funcionamento, em
dezembro de 2009, a capital terá mais de três vezes o número
de leitos de câncer que tem hoje
-estimados em 170, sem contar os pacientes oncológicos
tratados em hospitais públicos
gerais. As cinco unidades do Inca (Instituto Nacional do Câncer), no Rio, somam 391 leitos.
Mas a importância do instituto vai além do aumento de
vagas, garante o oncologista
Paulo Hoff, diretor clínico do
serviço de oncologia do Hospital das Clínicas e que ocupará o
mesmo cargo no instituto.
"Ele terá papel fundamental
no desenvolvimento de novas
pesquisas sobre câncer e na formação não só de novos médicos
como também de enfermeiros,
físicos, farmacêuticos, entre
outros. Há falta de especialistas
em oncologia no país", diz Hoff.
Um dos carros-chefes na área
da pesquisa será o desenvolvimento de estudos com uma
técnica de diagnóstico por imagem ("molecular imaging"),
que permite a investigação do
câncer na fase molecular, antes
do surgimento do tumor.
Essa linha de pesquisa, considerada a mais moderna em oncologia, é inédita na América
Latina. Para desenvolvê-la, o
instituto está investindo R$ 10
milhões na compra e na instalação de um equipamento chamado Ciclotron -que produz
radioisótopos, partículas que se
acumulam na célula cancerosa.
"O objetivo é que esses radioisótopos consigam identificar o câncer numa fase molecular. Eles podem ser usados junto com um fármaco para destruir a célula com câncer", explica Giovanni Guido Cerri, diretor-geral do instituto.
Além do diagnóstico mais
precoce da doença, esse tipo de
terapia vai tornar mais eficaz o
tratamento. "Em vez de tomar
uma injeção de quimioterápico
que vai atingir o tumor, mas
também afetará o cérebro, o
pulmão e o rim, o radioisótopo
com o fármaco só atinge a célula tumoral. É um tratamento
que evita os efeitos colaterais."
As pesquisas, que serão feitas
em parceria com os hospitais
Sírio-Libanês e A.C. Camargo,
começam no início de 2009. "O
instituto é um avião pesado,
que levanta vôo devagarinho",
compara Cerri.
A implantação do Instituto
do Câncer será por etapas. Na
primeira delas, que começa
nesta semana, serão abertos os
ambulatórios de oncologia clínica e ginecológica e o serviço
de quimioterapia ambulatorial.
"Vamos formar as equipes,
treinar as pessoas, estabelecer
as rotinas. Isso acontece em
qualquer lugar do mundo", diz
Luiz Roberto Barradas Barata,
secretário de Estado da Saúde.
Segundo ele, o instituto será
a "cabeça" do sistema de saúde
na oncologia e vai repassar à rede os resultados de suas ações.
"Como é o InCor [Instituto do
Coração] na cardiologia."
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