São Paulo, domingo, 04 de maio de 2008

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Instituto fará estudo inédito de tratamento do câncer

Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira começa a operar na terça

Maior centro oncológico da América Latina desenvolverá pesquisa para tratar doença em sua fase molecular, antes do surgimento do tumor

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Três pés de jaca na área externa e um enorme painel colorido do artista plástico Romero Britto no hall de entrada imprimem uma atmosfera de acolhimento a quem chega ao número 251 da avenida Doutor Arnaldo, zona oeste de São Paulo.
Ali, em um edifício de 29 pavimentos localizado no ponto mais alto da cidade, começa a funcionar a partir de terça-feira o Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (ex-Instituto Doutor Arnaldo), o maior centro oncológico da América Latina, com 580 leitos, que pretende aliar assistência médica, pesquisa e educação.
Quando o instituto estiver em pleno funcionamento, em dezembro de 2009, a capital terá mais de três vezes o número de leitos de câncer que tem hoje -estimados em 170, sem contar os pacientes oncológicos tratados em hospitais públicos gerais. As cinco unidades do Inca (Instituto Nacional do Câncer), no Rio, somam 391 leitos.
Mas a importância do instituto vai além do aumento de vagas, garante o oncologista Paulo Hoff, diretor clínico do serviço de oncologia do Hospital das Clínicas e que ocupará o mesmo cargo no instituto.
"Ele terá papel fundamental no desenvolvimento de novas pesquisas sobre câncer e na formação não só de novos médicos como também de enfermeiros, físicos, farmacêuticos, entre outros. Há falta de especialistas em oncologia no país", diz Hoff.
Um dos carros-chefes na área da pesquisa será o desenvolvimento de estudos com uma técnica de diagnóstico por imagem ("molecular imaging"), que permite a investigação do câncer na fase molecular, antes do surgimento do tumor.
Essa linha de pesquisa, considerada a mais moderna em oncologia, é inédita na América Latina. Para desenvolvê-la, o instituto está investindo R$ 10 milhões na compra e na instalação de um equipamento chamado Ciclotron -que produz radioisótopos, partículas que se acumulam na célula cancerosa.
"O objetivo é que esses radioisótopos consigam identificar o câncer numa fase molecular. Eles podem ser usados junto com um fármaco para destruir a célula com câncer", explica Giovanni Guido Cerri, diretor-geral do instituto.
Além do diagnóstico mais precoce da doença, esse tipo de terapia vai tornar mais eficaz o tratamento. "Em vez de tomar uma injeção de quimioterápico que vai atingir o tumor, mas também afetará o cérebro, o pulmão e o rim, o radioisótopo com o fármaco só atinge a célula tumoral. É um tratamento que evita os efeitos colaterais."
As pesquisas, que serão feitas em parceria com os hospitais Sírio-Libanês e A.C. Camargo, começam no início de 2009. "O instituto é um avião pesado, que levanta vôo devagarinho", compara Cerri.
A implantação do Instituto do Câncer será por etapas. Na primeira delas, que começa nesta semana, serão abertos os ambulatórios de oncologia clínica e ginecológica e o serviço de quimioterapia ambulatorial.
"Vamos formar as equipes, treinar as pessoas, estabelecer as rotinas. Isso acontece em qualquer lugar do mundo", diz Luiz Roberto Barradas Barata, secretário de Estado da Saúde.
Segundo ele, o instituto será a "cabeça" do sistema de saúde na oncologia e vai repassar à rede os resultados de suas ações. "Como é o InCor [Instituto do Coração] na cardiologia."


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