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SAÚDE
Empresa pode ter usado bário mais barato para fabricar o medicamento Celobar, suspeito de causar pelo menos 17 mortes
Anvisa investiga origem de matéria-prima
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) concentra
suas investigações sobre a procedência e qualidade da matéria-prima usada no medicamento
Celobar, o sulfato de bário.
Pelo menos 17 mortes podem
ter sido causadas pelo lote
3040068 do contraste [droga utilizada para destacar determinados
órgãos em exames de imagem],
fabricado pelo laboratório Enila
do Rio de Janeiro. Outros dois
óbitos foram confirmados por vigilâncias estaduais, mas ainda não
informados à Anvisa.
Por precaução, todos os medicamentos produzidos pelo Enila
tiveram as vendas suspensas pela
agência na semana passada.
Os técnicos da Anvisa checam
se a empresa comprou, recentemente, matéria-prima sem marca
e mais barata, um "blend"
-combinação de produtos de
várias origens. Também verificam se a empresa alemã Sachtleben Chemie GmbH, uma fabricante de ponta do bário, cujo produto é mais caro, ainda fornecia
para o laboratório fluminense.
A literatura científica aponta
que drogas à base de sulfato de
bário são seguras, pois o elemento
não é solúvel -ou seja, é totalmente eliminado pelo corpo.
Mas outros sais de bário, como
o sulfito de bário, podem ser absorvidos pelo organismo e levar à
morte, segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Medicamentos, de Brasília.
Há interesse dos técnicos também sobre a rota de distribuição
do contraste. O Enila informou
que foram para o mercado 4.500
frascos do lote suspeito. A relação
de distribuidores fornecida pela
empresa à vigilância sanitária de
Goiás mostra que não havia nenhuma parte do lote destinada ao
Estado do Maranhão, mas uma
das mortes associadas a ele foi registrada em Imperatriz (MA).
Segundo a lista de distribuidores do laboratório, dez unidades
da Federação receberam o lote
(Pernambuco, Bahia, Alagoas, Espírito Santo, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás,
São Paulo e o Distrito Federal).
As mortes se concentram em
Goiás porque 1.600 frascos foram
parar no Estado. Até agora, o Enila confirmou o recolhimento de
metade das 4.500 unidades.
Faltam frascos
Outra dúvida dos técnicos refere-se justamente ao número de
frascos do lote suspeito. Inicialmente o Enila havia informado
que eram 4.620 unidades no lote.
Depois, disse que eram 4.500.
Técnicos da Anvisa passaram o
dia inteiro no laboratório ontem,
avaliando as instalações e cadeia
de produção do Enila. O balanço
dos trabalhos só deve sair hoje.
Procurados diversas vezes na tarde de ontem, responsáveis pelo laboratório não se manifestaram.
Além das 17 mortes contabilizadas pela Anvisa, outros dois óbitos foram confirmados ontem por
vigilâncias sanitárias estaduais.
Um em Goiás (sobe para 14 o número de vítimas do Estado) e uma
segunda morte em Minas Gerais.
Maria Rufino de Oliveira, 75,
morreu em Uberaba (MG), no dia
23. Além desse caso, uma segunda
morte está sendo investigada no
Estado. Em Igarapava, região de
Ribeirão Preto (SP), a vigilância
sanitária também apura se uma
morte foi causada pelo Celobar.
Colaboraram a Agência Folha e a Folha
Ribeirão
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