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Depoimentos apontam participação de deputado
da Agência Folha, em Rio Branco
A subcomissão do Ministério da
Justiça criada para investigar a
existência de grupos de extermínio em Rio Branco (AC) tomou
vários depoimentos que apontam
o deputado estadual e coronel da
PM Hildebrando Pascoal (PFL)
como uma espécie de "líder" dos
grupos de extermínio.
A Folha teve acesso às cópias dos
depoimentos em que o deputado
aparece como suspeito de envolvimento direto em pelo menos três
assassinatos e de acobertar ações
criminosas de policiais militares.
Pascoal nega as acusações (leia
texto nesta página).
A subcomissão estuda agora a
forma jurídica para dar início a inquérito na Polícia Federal e conseguir autorização legislativa para
processar o coronel. Pascoal, como deputado, goza de imunidade
parlamentar.
Serrado vivo
Um dos depoimentos mais completos detalha o assassinato de
Agilson Santos Firmino, o "Baiano", que teve os braços e as pernas amputados antes de ser assassinado, em 2 de julho de 96.
Firmino era acusado de participar da morte do irmão do deputado, o subtenente da Polícia Militar
e vereador na cidade de Senador
Guiomard (AC), Itamar Pascoal,
três dias antes.
O irmão do deputado foi morto
após um desentendimento com
José Hugo Alves Júnior, o "Huguinho", em frente a um posto de
gasolina, na periferia da cidade de
Rio Branco.
Firmino tinha ajudado o assassino de Itamar Pascoal a fugir.
"Huguinho" apareceu morto e
decapitado no município de Barreiras (BA).
Uma testemunha ouvida em fevereiro pela subcomissão narrou
ter assistido uma gravação em vídeo do esquartejamento. Quatro
policiais militares ligados ao coronel teriam participado do crime.
Firmino ainda estava vivo quando teve os membros arrancados
com o uso de uma motosserra, segundo a testemunha. Depois o
corpo teria sido jogado na rua,
perto da TV Gazeta de Rio Branco.
Morte e sequestro
O filho de Firmino, Wilber Oliveira, 15, foi sequestrado de sua
casa e assassinado, em Rio Branco, na mesma noite da morte de
Itamar Pascoal.
A mulher de "Huguinho", Clerisnar dos Santos Alves, disse em
depoimento à Polícia Federal do
Piauí, em fevereiro de 97, que foi
sequestrada pelo coronel para que
relatasse o paradeiro do marido.
Clerisnar foi resgatada pela Polícia Civil de São Paulo na capital
paulista -estava sob cárcere privado e vigiada por um PM do
Acre, lotado no gabinete do deputado Pascoal.
O Ministério Público Federal denunciou "Huguinho" por ter recebido R$ 20 mil para organizar a
fuga do traficante Gerson Turino
de dentro da Colônia Penal de Rio
Branco.
Como "Huguinho" não cumpriu o prometido, Itamar e Turino
foram ao seu encontro para retomar o dinheiro.
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