São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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Depoimentos apontam participação de deputado

da Agência Folha, em Rio Branco

A subcomissão do Ministério da Justiça criada para investigar a existência de grupos de extermínio em Rio Branco (AC) tomou vários depoimentos que apontam o deputado estadual e coronel da PM Hildebrando Pascoal (PFL) como uma espécie de "líder" dos grupos de extermínio.
A Folha teve acesso às cópias dos depoimentos em que o deputado aparece como suspeito de envolvimento direto em pelo menos três assassinatos e de acobertar ações criminosas de policiais militares. Pascoal nega as acusações (leia texto nesta página).
A subcomissão estuda agora a forma jurídica para dar início a inquérito na Polícia Federal e conseguir autorização legislativa para processar o coronel. Pascoal, como deputado, goza de imunidade parlamentar.

Serrado vivo
Um dos depoimentos mais completos detalha o assassinato de Agilson Santos Firmino, o "Baiano", que teve os braços e as pernas amputados antes de ser assassinado, em 2 de julho de 96.
Firmino era acusado de participar da morte do irmão do deputado, o subtenente da Polícia Militar e vereador na cidade de Senador Guiomard (AC), Itamar Pascoal, três dias antes.
O irmão do deputado foi morto após um desentendimento com José Hugo Alves Júnior, o "Huguinho", em frente a um posto de gasolina, na periferia da cidade de Rio Branco.
Firmino tinha ajudado o assassino de Itamar Pascoal a fugir. "Huguinho" apareceu morto e decapitado no município de Barreiras (BA).
Uma testemunha ouvida em fevereiro pela subcomissão narrou ter assistido uma gravação em vídeo do esquartejamento. Quatro policiais militares ligados ao coronel teriam participado do crime.
Firmino ainda estava vivo quando teve os membros arrancados com o uso de uma motosserra, segundo a testemunha. Depois o corpo teria sido jogado na rua, perto da TV Gazeta de Rio Branco.

Morte e sequestro

O filho de Firmino, Wilber Oliveira, 15, foi sequestrado de sua casa e assassinado, em Rio Branco, na mesma noite da morte de Itamar Pascoal.
A mulher de "Huguinho", Clerisnar dos Santos Alves, disse em depoimento à Polícia Federal do Piauí, em fevereiro de 97, que foi sequestrada pelo coronel para que relatasse o paradeiro do marido.
Clerisnar foi resgatada pela Polícia Civil de São Paulo na capital paulista -estava sob cárcere privado e vigiada por um PM do Acre, lotado no gabinete do deputado Pascoal.
O Ministério Público Federal denunciou "Huguinho" por ter recebido R$ 20 mil para organizar a fuga do traficante Gerson Turino de dentro da Colônia Penal de Rio Branco.
Como "Huguinho" não cumpriu o prometido, Itamar e Turino foram ao seu encontro para retomar o dinheiro.



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