São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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PF aponta 16 policiais envolvidos

da Agência Folha, em Rio Branco

O delegado da Polícia Federal Luiz Antônio Batista Lino, 34, revelou à Agência Folha na segunda-feira que as investigações devem levar a um total de pelo menos 16 policiais civis e militares envolvidos em grupos de extermínio, roubo e tráfico de drogas em Rio Branco.
Lino representou a Polícia Federal nos oito primeiros meses da subcomissão criada pelo Ministério da Justiça para investigar o caso no Acre.
A desestruturação das polícias Civil e Militar e o avanço do narcotráfico no Estado, que faz fronteira com países considerados grandes produtores da cocaína, como Bolívia e Peru, teriam estimulado a criação dos grupos na década de 80.

Sucessão

Com o passar dos anos, policiais ligados aos "chefes" dos grupos de extermínio no Estado passaram também a criar seus próprios "esquadrões", diversificando os crimes.
A Polícia Federal detectou que há grupos voltados para o extermínio de suspeitos, outros envolvidos em narcotráfico e ainda outros voltados para extorsão de contrabandistas e de "sacoleiros" que compram mercadorias nas cidades bolivianas de Cobija e Montevideo.
O delegado federal crê que a mudança da situação no Acre depende de "profunda" reestruturação dos órgãos de segurança públicas estaduais.

Impunidade

A impunidade é outra marca quando se trata de crimes cometidos por policiais no Acre.
O comando geral da Polícia Militar dispõe de um levantamento que mostra policiais condenados até quatro vezes pela Justiça do Estado, mas que ainda permanecem na corporação e com os vencimentos em dia.
O comandante da Polícia Militar, coronel Gilvan de Oliveira Vasconcelos, 46, disse que o tráfico de drogas é hoje "livre" em Rio Branco por falta de fiscalização do governo federal nas fronteiras.
Ele afirmou que tem lutado para melhorar a corporação, tendo expulsado, nos últimos dois anos, de 12 a 14 policiais militares por crimes diversos.
Segundo o coronel, para formalizar as expulsões de policiais criminosos é preciso uma representação específica do Ministério Público Estadual.



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