São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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CRIME
"Não vai doer nada', teria dito garoto de 15 anos ao atirar no irmão de 12
Briga de irmãos termina em morte em Manaus

da Agência Folha, em Manaus

Uma possível briga entre dois irmãos adolescentes terminou em morte na volta da escola anteontem em Manaus. O garoto F.B.P.N., 12, foi assassinado próximo de sua casa no final da manhã, no bairro Lírio do Vale. O acusado é seu irmão, E.M.P. 15. O crime teria ocorrido na presença da menina Z.P.N., 10, irmã dos dois garotos, segundo a Polícia Civil.
"Vou te dar um tiro, mas não vai doer nada", teria dito E.M.P. ao apontar a arma para o irmão, possivelmente uma pistola calibre 22, de acordo com o depoimento da menina. O tiro atingiu o coração e o pulso direito de Felipe, que morreu duas horas após ser socorrido.
As circunstâncias do assassinato não foram ainda esclarecidas pela polícia. A ocorrência foi registrada na Delegacia de Homicídios e Sequestros, mas ontem foi remetida à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.
Os dois garotos são filhos de mulheres diferentes com as quais o policial civil Raimundo Tadeu Pinto, 36, foi casado. E.M.P. está foragido, mas ontem telefonou para a casa de sua mãe, Cleicijane.
Segundo ela informou à polícia, o garoto não explicou como conseguiu a arma nem o motivo de ter disparado contra o irmão.
Cíntia Pinto, 30, irmã do policial, disse ontem à Agência Folha que a família espera a volta do garoto para decidir quando irão apresentá-lo à polícia.
A família está disposta a responsabilizar o Estado pelo crime. O advogado Marcos Pinto, 34, tio dos garotos, argumenta que o crime foi consequência das dificuldades financeiras enfrentadas por seu irmão para sustentar os filhos.
O policial Raimundo Pinto, por determinação do secretário da Segurança, Klinger Costa, está suspenso de suas atividades há dez meses. Costa disse que vai demiti-lo por recomendação da Corregedoria de Polícia. "O inquérito administrativo concluiu que o policial, junto com dois colegas, invadiu, sem autorização, a casa de um ex-presidiário", disse.
A Agência Folha não conseguiu localizar o policial civil ontem.
Costa disse que mandou suspender apenas o pagamento da gratificação por exercício policial (GEP). Costa não soube informar qual o valor da gratificação. A Agência Folha teve acesso ao último holerite de Raimundo. Seu salário foi reduzido de R$ 1.500 para R$ 21,32.



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