São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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Pai de Ives Ota lança fundação com nome do filho assassinado

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

O pai do garoto Ives Ota, 8, Massataka Ota, disse ontem -dia seguinte à divulgação da condenação a mais de 43 anos de prisão ao motoboy e aos dois PMs envolvidos no sequestro e morte de seu filho, em agosto de 1997- que criará uma fundação com objetivo de ajudar crianças carentes.
"Vamos abrir a Fundação Movimento Paz e Justiça Ives Ota, que receberá doações para ajudar as crianças carentes", afirmou.
Na casa onde a família morava e onde Ives foi sequestrado, na tarde do dia 29, na Vila Carrão (zona sudeste de São Paulo) já funciona um escritório que recebe as folhas do abaixo-assinado organizado por Massataka e que propõe alterações no Código Penal Brasileiro, entre elas, a implantação de prisão perpétua agrícola para os crimes hediondos.
Perdão
Massataka e sua mulher, Keiko, disseram que perdoam os assassinos de Ives. "Como eu perdoei os assassinos, Deus nos mandou uma recompensa: Keiko está grávida de cinco meses", disse Ota.
"Há sete anos nós queríamos esse filho que não vinha. Foi um presente de Deus, que sabia que Ives tinha de partir para nos dar outra criança. A notícia da gravidez foi mais confortante do que da condenação dos acusados", disse Keiko.
Segundo ela, "os espíritas dizem que a nova criança terá o espírito de Ives". O casal deve saber no próximo mês o sexo da criança.
O casal disse que as penas impostas pela Justiça -entre 43 e 45 anos de prisão- aos réus foram justas e que se surpreenderam com a rapidez da condenação.
"Recebi com surpresa a notícia da condenação. Não esperava que seria tão rápida. Soube da sentença depois de rezar e cantar parabéns para Ives, que ontem (anteontem) completaria 9 anos", contou Massataka. No mesmo dia, a irmã de Ives, Vanessa, completou 12 anos.
"Acho que foi porque pedimos ajuda a um grande advogado, Deus", completou o pai de Ives.
Segundo Massataka, "os anos em que os assassinos permanecerão na prisão servirão para que eles possam refletir bastante e pedir a reconciliação com Deus".
"Eu tinha medo que a Justiça falhasse, como já ocorreu em outros casos. A Justiça brasileira deu um bom exemplo nesse caso", afirmou Massataka.
O pai de Ives disse que já recolheu 2 milhões de assinaturas pedindo alteração do Código Penal. Massataka precisa de 5 milhões de assinaturas para encaminhar a proposta ao Congresso.



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