São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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Jovens admitem desonestidade

do Conselho Editorial

O descrédito chegou a tal ponto entre os estudantes brasileiros que a desonestidade política é encarada como parte indesejável, mas inevitável. Há um desejo de se acabar com o "rouba mas faz" (74%), mas, ao mesmo tempo, se afirma que "dentro da lei, acaba não se fazendo nada" ( 55%).
"Temos aí uma geração que não acredita no Estado de direito, na idéia de que a lei é igual para todos e deve ser cumprida", afirma Oscar Vieira, professor de direitos humanos na PUC e diretor no Brasil do Ilanud, programa da ONU para prevenção da violência.
Segundo Vieira, os jovens convivem em seu cotidiano com pessoas burlando as normas, "começando pelos pais, que não cumprem suas palavras, até os políticos, que não cumprem suas promessas", analisa.
Há um alto grau de jovens que vêem na desonestidade um método funcional. Dos entrevistados, 26% aceitam a idéia de que "com um pouco de desonestidade, acaba-se fazendo mais"; 30% afirmam que preferem votar em alguém que faz, mesmo que não respeite as leis. Mais grave, porém, é que 51% concordam com a frase de que "tanto faz se político é honesto, interessa o que ele faz".
Esses tendências refletem as sucessões de escândalos estampadas nos meios de comunicação, envolvendo os políticos. É a geração que viu a queda de Fernando Collor e, agora, ouve Fernando Henrique afirmar que nem sempre é possível negociar com assepsia.



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