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Disciplina confunde famílias e escolas
FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local
Duas histórias de expulsão de
alunos por colégios de São Paulo
ilustram o debate que existe atualmente em relação à disciplina.
Ambas ocorreram em escolas que
cobram mais de R$ 400 ao mês.
O primeiro episódio aconteceu
em uma escola dita "alternativa".
O aluno, adolescente, fumava maconha. Todo mundo sabia e tentava-se "trabalhar" o problema.
A escola promoveu uma excursão. Colocou como condição para
o estudante ir a promessa de que
não fumaria maconha. Na primeira noite da excursão, ele foi pego
fumando e, por isso, foi expulso. A
família questiona a decisão da escola, considerada radical. A escola
diz que teve que estabelecer limites e que estes foram claros.
A segunda história ocorreu em
uma escola dita "tradicional". O
aluno, que não tinha um histórico
de problemas, jogou uma cadeira
pela janela do primeiro andar.
A escola disse que esse comportamento era inaceitável e expulsou
o estudante. A família também
não aceitou: "Tinham que ter dado mais uma chance para ele."
Quem está certo? As escolas culpam os pais, que consideram ausentes na formação moral dos filhos. As famílias culpam as escolas, que estariam se eximindo da
responsabilidade de lidar com
problemas disciplinares.
Como pano de fundo, há uma
transformação radical que essas
duas instituições sociais -família
e escola- estão sofrendo desde a
década de 60 em todo o mundo.
Em síntese: disciplina é hoje um
campo essencialmente controverso, quase experimental, para o
qual não há respostas claras. E o
resultado tem sido uma oscilação,
por vezes confusa, entre o "laisser
faire" (deixar fazer) e medidas
drásticas de imposição de limites.
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