São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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Disciplina confunde famílias e escolas

FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local

Duas histórias de expulsão de alunos por colégios de São Paulo ilustram o debate que existe atualmente em relação à disciplina. Ambas ocorreram em escolas que cobram mais de R$ 400 ao mês.
O primeiro episódio aconteceu em uma escola dita "alternativa". O aluno, adolescente, fumava maconha. Todo mundo sabia e tentava-se "trabalhar" o problema.
A escola promoveu uma excursão. Colocou como condição para o estudante ir a promessa de que não fumaria maconha. Na primeira noite da excursão, ele foi pego fumando e, por isso, foi expulso. A família questiona a decisão da escola, considerada radical. A escola diz que teve que estabelecer limites e que estes foram claros.
A segunda história ocorreu em uma escola dita "tradicional". O aluno, que não tinha um histórico de problemas, jogou uma cadeira pela janela do primeiro andar.
A escola disse que esse comportamento era inaceitável e expulsou o estudante. A família também não aceitou: "Tinham que ter dado mais uma chance para ele."
Quem está certo? As escolas culpam os pais, que consideram ausentes na formação moral dos filhos. As famílias culpam as escolas, que estariam se eximindo da responsabilidade de lidar com problemas disciplinares.
Como pano de fundo, há uma transformação radical que essas duas instituições sociais -família e escola- estão sofrendo desde a década de 60 em todo o mundo.
Em síntese: disciplina é hoje um campo essencialmente controverso, quase experimental, para o qual não há respostas claras. E o resultado tem sido uma oscilação, por vezes confusa, entre o "laisser faire" (deixar fazer) e medidas drásticas de imposição de limites.



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