São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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SAÚDE
Nos primeiros dias, o medicamento que auxilia a ereção praticamente ficou encalhado nas farmácias de São Paulo
Viagra tem baixa performance de venda

RENATO KRAUSZ
da Reportagem Local

O volume de distribuição do Viagra, a pílula contra impotência, bateu recordes na cidade de São Paulo entre os remédios de lançamento, mas a venda para o consumidor na farmácia não obteve o mesmo sucesso.
Na rede da Drogaria São Paulo, que tem 143 lojas no Estado, nenhuma das 3.000 caixas compradas foi vendida na segunda-feira, primeiro dia de venda. A rede não fechou o balanço dos outros dias.
A rede Droga Raia comprou da Pfizer 1.200 caixas de Viagra -as grandes redes adquirem o produto direto do laboratório- e vendeu cerca de 140 entre segunda-feira e anteontem, 70 em cada dia.
Como a rede tem 70 farmácias no Estado, dá uma média de venda de uma caixa por dia para cada loja. Para o gerente de marketing da rede, André Elias Gonçalves, o movimento até foi considerado bom por se tratar de um remédio caro e que só é vendido com retenção da receita médica.
A Pfizer do Brasil não divulga balanços de venda nem os nomes das distribuidoras credenciadas, alegando motivos éticos e de segurança. A Folha apurou que quatro distribuidoras foram responsáveis pela colocação do remédio na capital -Mercantil Farmed, Santa Cruz, Panarello e Predimar.
Cada uma delas distribuiu cerca 5.000 caixas do Viagra na cidade, quando, no geral, a distribuição inicial de um remédio recém-lançado atinge 1.500 unidades.
Para diretores das distribuidoras, a obrigatoriedade de se reter a receita médica fez com que o produto ficasse preso nas prateleiras.
Segundo o diretor comercial da distribuidora Panarello, Sérgio Comunale, os farmacêuticos têm reclamado que o produto ficou no estoque. "Mesmo os locais abastecidos na sexta-feira ainda não fizeram pedidos de reposição. Tenho mais um lote para receber da Pfizer e tenho certeza que ele vai ficar estocado aqui", afirma.
Comunale acredita que, nesta primeira semana, os consumidores devem estar procurando os médicos para obter a receita e só depois efetuar a compra.
"Normalmente, o farmacêutico só compra um remédio recém-lançado após começar a receber as receitas. Com o Viagra foi diferente, a compra foi feita antes. Mas a demanda do consumidor ainda não ocorreu", diz o comprador da distribuidora Santa Cruz, Ronaldo Theodoro dos Reis.
Para o diretor da Mercantil Farmed, Nicolau Cury, a vendas devem aumentar na medida em que os médicos fizerem as prescrições.



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