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Prática é adotada em outros países
DA REPORTAGEM LOCAL
Há nove anos, a eutanásia
-apressar, sem dor ou sofrimento, a morte de um doente incurável- chegou a ser proposta por
meio de projeto de lei no Senado.
A proposta foi acompanhada de
um debate e vários médicos relataram na época que já haviam
adotado a prática.
O projeto caducou, a prática
continua sendo considerada crime, mas ainda se discute o assunto por meio do projeto de reforma
do Código Penal, que se arrasta na
Câmara dos Deputados.
No Estado de São Paulo, uma lei
sancionada pelo então governador Mário Covas estabelece que o
doente terminal tem o direito de
recusar o prolongamento de sua
agonia e de optar pelo local de sua
morte. Covas, que morreu há
quatro anos em decorrência de
um câncer na bexiga, beneficiou-se dessa lei.
Nos conselhos regionais de medicina, a tendência é de aceitação
da eutanásia, embora os médicos
prefiram tratá-la como ortotanásia, que seria o ato de retirar equipamentos ou medicações que servem para prolongar a vida de um
doente terminal.
Ao retirar esses suportes de vida, mantendo apenas a analgesia
e tranqüilizantes, espera-se que a
natureza se encarregue da morte.
Ela é diferente, portanto, da chamada eutanásia ativa, em que há
uma ação direcionada para matar
o paciente, como a administração
de um veneno.
Para Marcos de Almeida, professor de bioética da Unifesp
(Universidade Federal de São
Paulo), a palavra eutanásia ficou
estigmatizada, e as pessoas têm
medo de usá-la. Ele acha necessário que uma legislação estabeleça
critérios e condutas éticas para
uma morte sem sofrimento.
Experiências internacionais
Países que legalizaram a prática
da eutanásia tiveram a preocupação de estabelecer critérios claros
para evitar que pacientes deixassem de receber tratamento sem
que estivesse claro que essa era a
vontade deles ou que não havia
perspectiva de cura.
O primeiro país a legalizar a eutanásia foi a Holanda, com uma
lei aprovada em 2001 que entrou
em vigor no ano seguinte. A lei
holandesa, no entanto, só permite
a eutanásia em casos em que ela
for praticada por um médico,
quando não houver chances de
recuperação e quando o paciente
deixar explícito que essa é a sua
vontade.
Em 2002, a Bélgica legalizou a
prática da eutanásia. De acordo
com as regras adotadas no país, o
paciente precisa se encontrar em
uma condição médica irremediável, com sofrimento físico ou
mental insuportável que não pode ser minorado. Além disso, a legislação belga considera necessária a declaração de dois médicos
atestando que essa é a condição
do paciente.
Nos Estados Unidos, o suicídio
medicamente assistido, em que o
médico ajuda o doente a morrer, é
legal apenas no Estado de Oregon.
A medida foi adotada em 1994.
(CC)
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