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VIOLÊNCIA
Réus confessos no
processo de assassinato do casal Richthofen, irmãos devem entrar com pedido de habeas corpus no STJ
Cravinhos se dizem usados por Suzane
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos de Paula e Silva decidiram
entrar com pedido no STJ (Superior Tribunal de Justiça) para
aguardar o julgamento em liberdade, assim como fez a estudante
Suzane von Richthofen, que deixou a prisão na última quarta-feira. Ela estava detida no Centro de
Ressocialização Feminino, em
Rio Claro (175 km de São Paulo).
De acordo com o pai de Daniel e
Cristian, o aposentado Astrogildo
Cravinhos, 60, a advogada da família, Gislaine Haddad Jabur, deve dar entrada no pedido de libertação esta semana.
Os três são réus confessos no
processo sobre o assassinato dos
pais de Suzane, Manfred, 49, e
Marísia von Richthofen, 50, em
outubro de 2002.
Eles foram denunciados à Justiça por duplo homicídio triplamente qualificado - motivo torpe, meio cruel e impossibilidade
de defesa da vítima.
O pai afirmou que os filhos disseram que queriam sair da prisão
para curtir um pouco de liberdade com a família. "Eles nem falaram em sair muito, ir ao cinema,
disseram que querem mais tempo
aqui em casa. Ficar em família",
disse Astrogildo Cravinhos. Segundo ele, outro motivo que influenciou na decisão dos filhos foi
o fato de poder deixar a dificuldade da vida na prisão.
Segundo ele, os filhos já estavam
informados da saída de Suzane
(eles tem acesso a televisão e rádio
na prisão) e até comentaram que
deveriam ter tido a mesma concessão automaticamente.
Eles se referiram à declaração
do promotor do caso, Roberto
Tardelli, que afirmou, em entrevista coletiva na última quarta-feira, que o STJ poderia ter estendido a decisão aos irmãos Cravinhos. "Não entendo por que eles
não foram [beneficiados]. Não há
razão processual que justifique a
manutenção deles na prisão e a
soltura da acusada Suzane", afirmou Tardelli.
Caso sejam soltos, os Cravinhos
não devem morar em São Paulo
devido ao assédio da mídia e de
curiosos.
Entrevista
Em entrevista aos programas
"Domingo Espetacular", da Record, e "Fantástico", da TV Globo, os irmãos Cravinhos afirmaram que "foram usados" por Suzane para praticar o crime.
Daniel contou que escreveu várias cartas à Suzane, mas ela não
respondeu à nenhuma. "Eu nunca tive resposta." Mesmo assim,
ficou "feliz pela liberdade dela".
Cristian afirmou na entrevista
que "também quer ir para casa",
ao comentar sobre a decisão judicial que revogou a prisão preventiva de Suzane.
A advogada Luzia Helena Sanches, que acompanhou Suzane na
saída da prisão, disse que a jovem
está decidida a nunca mais ter
contato com Daniel Cravinhos.
"Ela é uma menina de personalidade bastante influenciável. Jamais praticaria um crime desses
sozinha, sem a influência de ninguém. Ela está arrependida e sente saudades dos pais", disse.
Mesma comida
Sanches conta que Suzane,
quando estava presa em Rio Claro, trabalhava na enfermaria diariamente, das 7h às 11h e das 13h
às 16h, e também participava das
missas. Ela comia a mesma comida das demais presas.
Para Sanches, Suzane "caiu em
mãos erradas" ao se envolver com
Daniel. Segundo a advogada, desde que saiu da prisão, a estudante
está morando com parentes no
interior de São Paulo.
O STJ autorizou a libertação de
Suzane por ter considerado insuficientes as razões apontadas nas
decisões que determinaram que
ela ficasse presa até o julgamento,
que ainda não tem data marcada.
Ela estava presa, segundo decisão da Justiça paulista, para facilitar as investigações, garantir a ordem pública e assegurar sua integridade física. Essas alegações foram contestadas pela defesa.
A legislação, porém, autoriza
manter o réu preso até o julgamento em situações excepcionais
-risco comprovado de o acusado coagir testemunhas ou fugir
do país, por exemplo.
O debate no STJ ficou restrito a
questões processuais, como a legalidade das prisões provisórias
por longo período, antes do julgamento. Não foi levado em conta,
por exemplo, o fato de os acusados terem confessado o crime.
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