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ANÁLISE
É preciso dar espaço para que essas iniciativas avancem
ANDRÉ ZANETIC
ESPECIAL PARA A FOLHA
A questão da resolução de
conflitos vem ganhando espaço entre especialistas e no
dia a dia das pessoas, ensejada pela necessidade de aprofundar e sofisticar as formas
de contenção dos problemas.
A conciliação é um processo geralmente voltado à resolução de ocorrências penais
consideradas de "baixo potencial ofensivo", com penas
que legalmente podem chegar a, no máximo, dois anos
(mas que, se não devidamente trabalhadas e "pacificadas", podem ter a sua gravidade em muito ampliada).
Busca-se por esse processo, que normalmente está
circunscrito à esfera dos juizados criminais, a reparação
dos danos em favor da vítima
e/ou acordo entre as partes.
A criação do Necrim é uma
novidade que pode ajudar a
desafogar o Judiciário e o Ministério Público e agilizar a
resolução de crimes.
Tendo em vista os graves
problemas relacionados ao
crime e à violência e a dificuldade no suprimento das demandas existentes no Judiciário, a iniciativa é uma forma promissora que vem se
agregar às novas estratégias
que estão sendo buscadas
para se fazer frente a essa
problemática de forma mais
efetiva, além de fortalecer a
aproximação necessária entre polícia e comunidades.
A preocupação que o Ministério Público tem demonstrado com a medida, aparentemente relacionada ao "ambiente" em que as audiências
se desenrolam, não parece se
justificar face à procura de
que elas ocorram em locais
semelhantes aos juizados,
sem policiais armados e em
locais fora das delegacias.
Por esses aspectos e por se
tratar de uma estratégia nova
deve-se, evidentemente, estar atento às possíveis características que não condigam
com os objetivos buscados,
porém tais fatores devem ser
elencados pontualmente, de
forma a dar espaços para que
tais iniciativas se desenvolvam e possam demonstrar
suas potencialidades.
ANDRÉ ZANETIC é doutorando em ciência
política pela USP e foi pesquisador do
Ilanud (Instituto Latino-Americano das
Nações Unidas para Prevenção do Delito e
Tratamento do Delinquente)
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